A MENINA QUE CHORA PELO NARIZ
Na floresta encantada
Beto Rocha

Fazia um imenso verão naquela região, uma paisagem triste, cheia de fumaças, árvores queimadas, folhas secas pelo caminho, formavam assim uma paisagem morta naquele lugar. O sol não dava o ar de sua graça. Não se via mais nenhuma estrela no céu, nem a lua dava mais o seu brilho durante a noite.
Diante desse cenário, uma linda adolescente de cor morena, que se chamava Maresol, preparava-se em seu quarto para dormir, mas todas as vezes que estava triste, tinha pesadelos com freqüência, por isso fazia questão de dormir, às vezes, ao lado do seu cachorrinho de estimação e outras vezes com sua mãe, que a considerava como sua protetora, pois nessas noites específicas tinha medo de dormir só.
Existia um detalhe diferente e muito interessante que chamava a atenção em Maresol, o seu nariz soava tanto quando fiava nervosa, que escorria pelo seu rosto parecendo lágrimas, dessa forma suas lágrimas se confundiam com seu suor, isso era algo incomum entre as pessoas, então ficou conhecida como: A MENINA QUE CHORA PELO NARIZ. Maresol gostava muito da natureza e era considerada como a protetora dos animais, não permitia que ninguém destruísse a floresta.
Maresol deita-se em sua cama para dormir, logo em seguida seu cachorrinho se levanta abre a porta do quarto e sai, a menina vendo aquilo se levanta também e sai à procura do cãozinho de estimação, quando abre a porta aparece uma luz bem forte que encadeava seus olhos. Então ela se vê dentro de uma grande floresta encantada. Maresol começa a ficar triste, pois não encontrava o seu cachorrinho. Os passarinhos, as árvores da floresta e os animais ficam observando aquela menina passar, cabeça baixa, então eles percebem algo diferente, a menina começa a ficar nervosa a chorar. O leão vendo aquilo comenta com os outros animais: Ela está chorando pelo nariz! Imediatamente a onça pintada pula e esclarece: É não seu leão bobão! É pelos olhos mesmo. Dessa forma os animais, as árvores e os passarinhos da floresta começam a andar de um lado para o outro e choram também pelo desaparecimento do cachorrinho de sua melhor amiga, vendo aquela estranha e curiosa cena, nunca presenciada por eles.
A menina caminhava cada vez mais para dentro da floresta encantada, só encontrava folhas secas espalhadas pelo caminho, a fumaça a impedia de enxergar a direção aonde ia e mais e mais se distanciava de sua casa, nenhuma pista do seu cachorrinho era encontrada dentro da floresta encantada, mais triste a menina ficava. A floresta sofria junto com ela, as árvores perdiam o seu brilho, choravam muito pela dor daquela menina, os ipês não eram mais exuberantes como antes, tinham perdido a sua cor e enxugavam as lágrimas que escorriam no seu corpo com um galho em formas de braços. Os passarinhos não cantavam mais em seus ninhos, tristes também choravam no alto das árvores, seus olhos ficavam vermelhos de tanto chorar, secavam suas lágrimas com as asas, os animais por sua vez seguiam ao lado daquela menina, chorando também, a onça pintada não era mais tão pintada assim, o leão todo machão não era mais feroz. Era uma comoção só dentro da floresta encantada. Enfim, a floresta sofria com o drama daquela menina em busca do seu cachorrinho perdido, que tanto ela amava.
Quando encontrou um casarão muito sujo e abandonado em meio à floresta, cheio de teias de aranhas, morcegos que dormiam no alto da casa, papéis jogados no chão, paredes riscas. Sem mais raciocínio próprio sobe até o último degrau da escada, resolve olhar para trás e avista um poço, também abandonado, as folhas secas formavam um grande tapete amarelo, em volta dele, uma paisagem totalmente sinistra. Quando resolve ir até lá para ver se o cachorrinho estava ali dentro, ao se aproximar, fica olhando para o fundo do poço que é escuro e muito fundo. Sente um arrepio, alguém se aproximar por traz dela... Aparece uma menina entre a fumaça para empurrá-la dentro do poço, ao chegar mais perto as duas ficam cara-a-cara e Maresol percebe que na verdade é a sua irmã, quando ficava com raiva se transformava em uma menina malvada, quando ouvia a voz da sua irmã pedindo que não fizesse aquilo o encanto desaparecia mais logo em seguida voltava novamente a ser má. Apesar da fumaça Maresol avistou o seu cachorrinho branco que tanto procurara nos braços da sua irmã malvada.
Maresol observa na orelha da sua irmã, um brinco que ganhara de sua mãe de presente de aniversário, olhou para os pés e viu que ela também estava usando o seu lindo sapato vermelho. Maresol começa a chorar desesperada e formula uma pergunta: O que é que você está fazendo nesse lugar com o meu cachorro?
- Marestrela fala! Você quer seu cachorrinho de volta? Vem buscar! Vem!
Na verdade o intuito de sua irmã era atirar Maresol e o seu cachorro dentro do poço. O motivo maior de todo essa inveja era porque Maresol tinha sido adotada por sua mãe, por isso dava um pouco mais de atenção a ela, com isso, Marestrela se sentia menos amada pela mãe. Pois Maresol de vez em quando dormia ao lado de sua mãe, porque tinha medo de ter pesadelos durante a noite, dormia também no quarto o seu cachorrinho de estimação, que só assim se sentia mais protegida. Dessa forma Marestrela queria tudo que era de sua irmã Maresol e trazia na bagagem da sua inveja, planos para tirar sua irmã “queridinha da mamãe” de circulação.
Mais uma vez sua irmã Marestrela, ameaça jogar o cachorro dentro do poço. Quando do nada se aproxima um menino vestido de príncipe, toma o cachorro de seus braços, pega Maresol e corre para dentro da floresta encantada se distanciando da irmã malvada. Aos poucos Maresol reconhece o menino príncipe, olha em seus olhos e começa a ficar com o rosto vermelhinho, vermelhinho, por se tratar de um menino pelo qual havia se apaixonado há algum tempo.
Estranhamente a floresta começa a reagir e ficar mais colorida com a felicidade momentânea de Maresol, que por sua vez, nesse momento não chorava mais pelo nariz, ou melhor, pelos olhos. Enquanto isso a menina o menino príncipe e o seu cachorrinho corriam para escapar da menina malvada da floresta encantada, corriam, corriam para cima das montanhas, enfrentaram vários obstáculos. Num piscar de olhos a menina má aparece no meio do caminho, bloqueando a passagem, ali próximo está uma ponte feita de cordas, bem alta, em baixo passava um rio de águas correntes, eles correm rumo à ponte para escapar, quando a menina má surge no meio da ponte, num instante começa a ventar muito forte. Nesse momento a fisionomia de Marestrela se transforma rapidinho, a qual pede ao menino príncipe que se afaste de Maresol, porque aquilo era um assunto de família, o mesmo resolve afastar-se, quando Maresol tenta convencê-la:
-Marestrela vem! Vamos pra casa! Mamãe deve estar muito preocupada com o sumiço da gente. Quando Maresol se aproxima pega na mão da sua irmã e fala:
-Mamãe e eu amamos muito você Marestrela.
-Ela volta imediatamente a ser Marestrela, uma linda menina doce, meiga e carinhosa. Enquanto isso, o vento balança a ponte, quando escuta os latidos do seu cachorro, corre, mas não alcança e vê o seu lindo cachorrinho caindo de cima da ponte dentro do rio e desaparece nas águas. Quando começa a gritar desesperada: mamãe, mamãe! Ajude-me. Sua mãe ouve seus gritos que vinha de dentro do quarto e diz: Maresol! Maresol! Acorda minha filha já é hora de levantar, Maresol desperta suada muito aflita e preocupada, logo fita os olhos para onde o seu cachorrinho dormia, ele não estava mais lá, o mesmo tinha desaparecido e ninguém sabia para onde ele tinha ido. Conseqüentemente a MENINA COMEÇA A CHORAR NOVAMENTE.
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