LÁGRIMAS DE UM RIO
Beto Rocha

Um velho ribeirinho ia descendo nas águas do rio Acre. Finalzinho de tarde e com seus olhos fitos no alto do céu avistou uma paisagem linda, parecia um quadro pintado por alguém que queria retratar um casamento perfeito entre o sol e o rio, ou o início de uma relação, acompanhada de um crepúsculo ao entardecer além do horizonte, que fascinava qualquer um que passasse naquele momento e contemplasse esse espetáculo da natureza, típico de um verão amazônico. As poucas águas do rio espelhavam com o contraste do sol. Ele carregava na proa da canoa o rancho que levava para passar a semana com sua família, depois de um dia cansativo de trabalho, vinha à cidade todos os dias, vender suas frutas e verduras na feira do mercado, voltava pra sua casa, sempre no final do dia.
Numa altura do rio, já distante da cidade, algo estranho aconteceu, as águas começaram a borbulhar, seguido de um barulho ensurdecedor, como se fosse um gemido de alguém com dor ou um pedido de socorro. As águas, de repente começaram a subir em forma de redemoinhos, cerca de 10 metros de altura e descia semelhante a queda de águas de uma cachoeira, respingando como lágrimas dentro da canoa do velho ribeirinho, molhando assim todo seu rancho. O movimento das águas o impedia de continuar seu caminho, então resolveu atracar a canoa na beira do rio. Cansado e atordoado, por nunca ter visto esse fenômeno acontecer, achava que estava delirando e disse:
- O rio está chorando!
Encostou a canoa na beira da praia, num pau enfiado na areia e ficou sentado, atônito, olhando para o rio. As águas continuavam a subir, se contorcendo pra lá e pra cá com gemidos inexprimíveis. Parecia ser uma forma de protesto pelo que estavam fazendo com ele.
O velho ribeirinho começou a se lamentar, porque sua consciência o acusava:
- Ele está morrendo! O rio está morrendo! Falou consigo mesmo. Nós plantamos tantas frutas e verduras, o que seria da nossa vida, de nossos filhos sem o alimento extraído da margem do rio? Cadê a melancia, o maxixe, o quiabo, o milho, o peixe? O homem do campo e as pessoas da cidade, o que será delas? Será o fim da nossa cidade ou será também o fim da humanidade?
A consciência do velho ribeirinho doía, pois sabia que também tinha contribuído para o coma do rio.
Passou algum tempo e o ribeirinho deitou na praia, esperando as águas se acalmarem, já que não dava para a canoa passar, pois poderia ser virada pelos banzeiros das águas.
Um forte grito:
- Estou morrendo, me ajude! O rio começa a pedir socorro para o velho ribeirinho. Tais gritos ninguém ouvia, a não ser o seu amigo maior, o velho ribeirinho. Parecia que ele, por ser o parente mais próximo do rio, tinha sido escolhido pela própria natureza, para levar o seguinte recado aos quatro cantos da cidade:
- Porque vocês estão me matando? Dizia o rio ao velho ribeirinho, tudo que eu tinha dentro e fora de mim dei a vocês. Ainda cansado e arrependido, o velho continua pensando na fartura, que o rio oferecia aos ribeirinhos há alguns anos! Enquanto o rio fala, o ribeirinho ouve e começa a passar um filme em sua mente, continua refletindo na beira da praia. Seu Manoel falava assim para os seus filhos: “Tião vai pegar água no rio pra fazer o almoço, menino, aproveita e vê se tem melancia madura!” “José, vai colher feijão e arroz!” “Raimundinho, traz o milho para fazer canjica e pamonha!” “Chiquinho, vai pescar, vamos ter visita nesse final de semana aqui em casa!”. Era sexta feira, muita fartura na casa de seu Manoel. Tudo isso tirado dos barrancos do rio Acre.
- Estou desidratado! Continua falando o rio. Tenho pouca água dentro de mim, estou morrendo de sede! Minhas veias estão precisando de água! Os igarapés que se formaram de mim estão poluídos com litros vazios de bebidas, garrafas de refrigerantes e sacolas cheias de lixo, inclusive coisas absurdas como fogões, geladeiras e até carros velhos. Os jovens amantes do rio não estão mais nem aí para mim. As dragas são verdadeiras drogas, estão tirando a areia dos meus pés, me encham logo de água limpa! Estou cansado, cheio de coisas velhas, não tenho mais força para lutar sozinho. Cadê meus peixes, meus jacarés, meus mandis, meus piaus, minhas piracemas, Cadê também meus botos, que até os garotos jogavam pedras neles! Não tenho mais vigor, sinto dor nas minhas entranhas, sei que estou morrendo! As árvores que firmam meu leito através de suas raízes, não existem mais. Nas minhas veias não correm mais nenhum sonho, desceram junto com os balseiros jogados por homens grosseiros. Eu preciso me encher de coisas boas de novo para alimentar meu povo.
O velho ribeirinho recupera-se e levanta, desperta aos poucos e faz a seguinte pergunta ao rio:
- Mas você não é um rio?
- Sim! Responde.
- Mas rio não fala, diz o velho.
O rio responde:
- Só você está me ouvindo, pois estamos distantes do barulho da cidade. Quero que você leve a seguinte notícia: “O rio Acre pede socorro!”
O anúncio circulou por todo o estado através de jornais, rádios e televisão. O Governo se sensibiliza e convoca toda população a comparecer às margens do rio e lá traçarem metas de ação para salvar o rio, pois juntos encontrariam uma solução. A comunidade inteira comparece, o Governador chega e começa o pronunciamento:
- Meus amigos, povo querido do Acre, estamos aqui para dizer que se existe alguém culpado pelo coma do rio, somos todos nós. Portanto, convoco todos a sair de suas casas e andar por toda extensão do rio limpando sua margem e o seu leito. Vamos, também, plantar árvores de ponta a ponta para conter o desbarrancamento. Peço também aos ribeirinhos que não joguem mais dejetos nas suas margens. Iremos proibir através de leis mais severas, que ninguém, em toda sua extensão derrame qualquer tipo de sujeira, sob pena de ser processado e preso imediatamente, sendo crime inafiançável.
Todos cumpriram com suas metas, fazendo exatamente como planejado. O Governador agradeceu a população por todo o empenho.
Passaram-se então dez anos e as pessoas se educaram e se sensibilizaram e não jogaram mais nada nas margens, nem dentro do rio porque agora havia um projeto dos mais audaciosos e sérios que já se ouviu falar. Foram criados sobre toda a extensão postos fiscais permanentes com câmeras de filmar de quilômetro em quilômetro do rio, monitorando todas as pessoas que se aproximavam dele. Havia, também, parques ecológicos, trilhas de passeios, eventos culturais de orientação sobre educação ambiental. Passeios de barcos cadastrados pela Marinha do Brasil, fiscalizados diariamente pelo Corpo de Bombeiros. Havia uma sintonia entre todos, em busca dos mesmos objetivos e propósitos. Agiam como se fossem uma música, sendo composta por uma verdadeira orquestra, as pessoas trabalhavam no mesmo ritmo, como melodia e letra rimavam perfeitamente, pareciam que já se conheciam há muito tempo. Mas tinham se visto pela primeira vez e já estavam apaixonadas, de tanta afinidade que tinham um com o outro, formando assim, um casamento perfeito, entre rio e homens.
Enfim, o resultado em poucos anos apareceu.
O rio agradece dando água de boa qualidade e todos foram felizes por longos anos.
DESABAFO: Esse é o meu rio, não somente meu, mas de todos aqueles que têm uma consciência ambiental com qualidade de vida, voltada para o bem comum de um povo. Esse é o rio dos meus sonhos. É o rio que eu quero para meus filhos e netos!
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LÁ DE XAPURI...
Beto Rocha

No ano de 1935 nasce minha mãe, dona Neves, como era mais conhecida pelos vizinhos mais próximos numa “colocação” por nome de Santo Antonio, em Xapurí-Acre. Mas o seu nome mesmo era Maria Neves Chaves de Andrade, filha de um nordestino cabra da peste, como se dizia antigamente por aquelas bandas. Dependendo da situação era brabo. Contarei aqui a verdadeira saga da nossa família.
Quando nós ainda éramos adolescentes, minha mãe dizia:
- Vão já dormir meninos, é tarde.
Falávamos a ela:
- Mãe conte uma historinha pra gente, depois vamos dormir, Prometemos a senhora.
A minha mãe concordava e começava a contar para nós, que, quando ela tinha seus quatorze anos, trabalhava muito fazendo os deveres de casa, ou seja, fazendo comidas, lavando louças e roupas no rio Xapurí e nas horas vagas era professora. Seu pai era muito severo e não permitia nenhuma afronta a ele, como também não admitia a desobediência de nenhum filho. Não aceitava que eles tivessem nenhum vício, que por ventura pudessem adquirir com os colegas de infância. Ele não fumava e dizia sempre, que se pegasse algum filho fumando o faria engolir o cigarro aceso. Só que ela de vez em quando fumava escondido dele. Mas ao mesmo tempo era carinhoso com os filhos, prestativo para os vizinhos, fazia todos os seus gostos, só não aceitava erros ou falhas de ninguém, conta minha mãe. Pois a criação do mesmo, também foi severa, por partir de seu pai e sua mãe. O mesmo era de Barro Vermelho no Ceará.
Conta minha mãe que antes dele (meu avô) vir para o Acre uma tragédia tinha acontecido. Meu avô quando ainda jovem, trabalhava na Marinha e estava com uma namorada em uma confraternização entre os marinheiros de um navio da Marinha do Brasil que estava ancorado do litoral cearense. Num certo momento veio o filho do comandante do barco, que era muito galanteador, gostava de conquistar a namorada dos outros e por ser filho de uma autoridade usava isso em benefício próprio para obter vantagens. Meu avô pegou-o insinuando-se a ela. Então, de repente, o jovem saiu ao encontro dele, acabaram por discutir e o mesmo veio com um sabre e tentou lhe ferir. Meu avô por ser muito ágil segurou na mão do jovem inclinando o punhal para sua barriga e o atingiu primeiro. Em seguida pulou na água, nadou um pouco até chegar num navio que estava perto dali que partiria em direção à Amazônia com viagem se estendendo até o Acre, só o meu avô não sabia disso. E até hoje não se sabe se o jovem conquistador morreu ou não. E coincidentemente, nesse mesmo navio, dizia a minha mãe, vinha Mestre Irineu Serra, o homem que anos depois implantaria em Rio Branco-Ac o chá da ayahuasca, o conhecido como Santo Daime do Acre.
Por ser meu avô um “cabra da peste” como é chamado no Ceará, ninguém ousava enfrentá-lo sozinho, era respeitado por todos. Só pra se ter uma idéia certo dia nossa mãe estava lavando roupas no rio Xapurí quando o meu avô chegou ao alto do barranco teve a impressão que ela estava fumando. E estava mesmo. Mas percebendo sua aproximação, enterrou o cigarro na areia. Sorte dela!
Minha avó, Maria Gomes de Andrade (vulgo Doninha) era calma, vivia cuidando da casa e dos filhos.
Numa das vindas, atravessando o rio Xapuri para ir à cidade, está na canoa quando alguns homens chegam já na beira do rio. Um deles arrasta uma faca e sai riscando meu avô na barriga, os outros se aproximam também, começam uma briga. Quando termina, todos ficam furados, na barriga, nas costas, nos braços, inclusive, meu avô. Ainda novo e forte, tinha fama de brabo na cidade, mas não era tanto assim. Conta minha mãe que quando chegaram todos feridos no hospital, ficaram no mesmo quarto, pois o espaço era pequeno. Foram atendidos, fizeram os curativos, a coisa já estava calma.
A polícia foi avisada depois de alguns dias. Chegaram à casa de meu avô dois policiais armados e bem de longe perguntaram:
- O seu Antonio Matheus se encontra?
- Sim! Respondeu minha avó.
Meu avô sai de dentro de casa, também armado:
- O que é que vocês querem aqui?
- Viemos em paz! Responderam os policiais. O comandante quer falar com o senhor!
Meu avô falou pra eles:
- Vão em frente que logo em seguida eu irei, olhou para eles com a cara feia.
- Sim senhor! Sim, senhor nós diremos ao comandante!
Chegando ao quartel de Xapurí:
- Bom dia comandante!
- Bom dia senhor! O que aconteceu?
Meu avô começou a contar: “eu vinha na catraia, atravessando o rio, próximo à beira, quando os também jovens, que estavam no barco começaram a me atacar, eu só me defendi, comandante.”.
- Mas o senhor feriu todos...
- Sim, mas eu só me defendi!
- De quem era a faca?
- A faca era deles!
- Tem certeza disso?
- Sim, senhor!
O comandante ficou espantado com tanto agilidade do meu avô:
- Vá para casa seu Antonio, eu volto a lhe procurar, se for preciso.
Meu avô, com todo aquele vigor e orgulho, sai e vai embora do quartel. E sua fama se espalha por toda a pequena Xapurí.
Passaram-se alguns anos...
Meu pai se chamava Raimundo Estanislau da Rocha, conheceu minha mãe e logo se casaram. Ele era tocador muito famoso no Clube Municipal, mais conhecido por “Beijuba”. Antes de se casar com minha mãe meu pai era muito mulherengo. Casou com minha mãe levando dois filhos na bagagem, pois sua primeira esposa era professora, mas tinha falecido há algum tempo. Logo em seguida ela engravidou. Então vieram os filhos. O primeiro chegou, dois anos depois chegou o segundo e de dois em dois anos vieram os outros inclusive eu que era o quinto mais os dois que o meu pai trouxe com ele, fazendo um total de sete, já tinha outro na barriga, que viria nascer aqui em Rio Branco. Os meninos se “danaram” a crescer, era assim que se falava antigamente.
Era tanto menino que minha mãe teve uma excelente idéia: tinha um casarão ao lado de casa, ela começou a usá-lo como escola. Ali começou a nos alfabetizar, sem ter nem o primário, só tinha 17 anos, mas tinha um sonho de vencer na vida. De repente, não tinha mais estudos para eles naquele lugar. Enfim, os meus três irmãos mais velhos, foram bem alfabetizados por ela, só o Português que dava um pouco de trabalho para eles, aprenderam muitas outras coisas, que tivemos que deixar nossa pequena Xapurí e conquistar novos horizontes, que é o sonho de toda família que sai do interior.
Meu pai concordou, mas não gostou muito da idéia. Então, paramos na cidade e compramos cobertores para nos agasalhar para que o frio da noite não nos pegasse desprevenidos. Minha mãe não deixava faltar nada para a viagem, me lembro ainda, quando tinha três anos de idade, uma coberta que ela comprou, que insiste em continuar exalando seu cheiro em meu nariz, como se fosse uma espécie de perfume do tempo, para que nós nunca esquecêssemos lá de Xapurí. Em seguida partimos rumo ao centro, para comprar alguma coisa para a viagem. Meu pai dizia: “nós não temo dinheiro, minha véia”. Depois de muitos anos que ele tinha morrido, minha mãe falava que ele, não queria vir para Rio Branco, sempre botava dificuldade. Minha mãe disse: tenho uma idéia e chegou a uma conclusão:
- Vamos de canoa?
- Canoa? Você tá doida é?
Aí arrumaram as coisas, venderam o que puderam. Lá foram remando, remando rumo a Rio Branco. A cada remada dada, cada vez mais a princesinha do Acre ficava para trás, mas os nossos sonhos estão lá na frente! Não estão mais ali na nossa pequena Xapuri!
Quando passavam pelos ribeirinhos, eles perguntavam lá do alto do barranco:
- De onde vocês vêm?
Meu pai respondia:
- Lá de Xapuri!
Muitos perigos enfrentaram. Em um determinado ponto da viagem, enquanto remavam, entrou uma cobra na beira do barco. Meu pai gritava:
- Olha cobra aí menino! Um deles batia com o remo na cobra, aí ela afundava e sumia nas águas do rio.
Enfim, depois de muita aventuras e sofrimentos e longos sete dias com sete noites nós chegamos em Rio Branco, eu era ainda muito pequeno com apenas três anos de idade, vim com a minha mãe numa “chata chamada de Valéria”, era uma espécie de embarcação maior que existia por aqui.
Quando chegamos, subimos o barranco do rio e andamos um pouco até chegar à fonte luminosa. Meu irmão depois de mim viu aquele bicho grande andando na rua, saiu correndo para os braços da minha mãe com medo, minha mãe disse: é apenas um carro meu filho, pois não era mesmo uma rural que vinha na Rua Getúlio Vargas, próximo ao palácio, considerado um carro de luxo na época. Também tem razão, nunca tínhamos visto um carro na vida.
Alguns anos se passaram...
Eu e meu irmão vendíamos quibes, ele na Escola Normal eu no Grupo Escolar Presidente Dutra. Todo dia tirávamos algum dinheiro, para no final de semana assistir ao matinê, escondido dela é claro, mas se ela descobrisse era peia na certa,. Nossa primeira vez foi no cine Rio Branco. Estava passando um filme de bang bang. Estávamos sentados nas cadeiras já há algum tempo comendo pipocas quando começa o tiroteio, o bandido atira mirando para nós, meu irmão se levanta e se esconde por trás das cadeiras. Eu sem entender nada me escondi também. Talvez estivéssemos pensando que o tiro poderia nos acertar, sei lá... Éramos só crianças do interior, tudo era novidade para nós, nunca tínhamos ido a um cinema, nem visto tal feito. Enfim, crescemos e com isso os anos se passaram, hoje somos nove irmãos vivos, graças a Deus, oito em Rio Branco e uma em Manaus, o mais velho, por parte de pai morreu por lá em dois e mil e dois. Todos nós somos empregados, seis são funcionários públicos, os três alfabetizados pela minha mãe, que foram citados no início dessa história, são professores, na rede estadual e municipal, um deles, o mais velho por parte da minha mãe e do meu pai é doutor em história, tem uma outra que mora em Macapá-AP, é empresária na rede de livrarias e outro é escritor de livros infantis e trabalho com arte gráfica, sendo bem sucedido na área. Na minha família, “de médico e de louco todo mundo tem um pouco”.
Antes que me esqueça, minha mãe a matriarca da família, hoje é conhecida por todos como Maria das Neves, tem setenta e quatro anos. Se vocês querem saber, ela continua fumando até hoje. Mas a nossa história ainda não termina aqui...
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GAROTO DE CHINELO
Autor: Beto Rocha

Ah! Se eu pudesse
Ser criança novamente
Faria tudo diferente!
Como é difícil ser adulto!
Ter que mentir com excesso
Isso prá criança é um insulto
Fazer da corrupção
Uma escada para o sucesso
Sociedade hipócrita!
Para subir na vida
Destrói seus princípios
Se flagela no mar da violência
Mata a sua própria consciência
Se torna prisioneiro da ambição
Nada na lama da corrupção
Não queira ser adulto
Criança sem infância!
Tudo em suas mãos é um brinquedo
Você sim, é feliz e não sabe
Não queira jamais crescer!
Neste mundo desonesto
De muita hipocrisia
De seqüestros todo dia
Faça do mundo o que quiser
Não ouça os que falam de ti
Garoto de chinelo!
A vida não brinca com a gente
Pula o muro de Berlim
Pega o martelo
E bate na consciência
Deste adulto país,
Seja sempre sincero.
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DEVANEIOS DA ALMA
Autor: Beto Rocha

Quisera eu...
Em meus devaneios
No meio da noite não viessem
Ah! Minha alma quimera
Deveras valessem apena
Pena que não veio quem era
Sonhos outrora adormecidos
Não despertasse, fossem esquecidos
Antes de o sol raiar.

Quisera eu...
Fossem os meus pensamentos belos
Não pesadelos, delírios nas madrugadas
Um coração que rejeita
Sofre mas não aceita
Uma alma ferida
Ah! Se as flores nos campos nascessem
Antes da primavera chegar.

Quisera eu...
No meio de tantas utopias
Quem me dera sonhar
Com o vôo do beija-flor
O canto do sabiá
Numa pequena flor de maracujá
O dia voltasse a brilhar
Antes da chuva cair.

Quisera eu...
Agora chuva já cai lá fora
A aurora chega na hora
E eu, aqui dormindo em minha cama
O tempo chora por mim
São só lágrimas que caem, molhando o meu travesseiro
Eu acordo pela manhã, estou sozinho!
Chorando de saudades de você.
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DAMA DA NOITE
Autor: Beto Rocha

Dama da noite...
Desnuda-te de tua ostentação
Oculta está na timidez das ruas
Que seduz o âmago da alma
Na via verde da vida, ilusão!
Um dia na cama, insana tu és
No silêncio na noite sedução
Revela tua face voraz
Tira a máscara de espinhos
E cobre o teu corpo nu
Desce esses degraus de vidro
Que cortam tua alma ferida.

Dama da noite...
Volúpias noites de prazer
Não venda o teu corpo fugaz
Constante amante de alguém
Terás um apocalipse de dor
Ou o último cálice de sangue
Na última dose de amor
Letal perfume do pecado
Se vista com o manto da inocência
Não mate o amor infinito daqueles
De quem um dia a dama na cama
Ainda sonha com ele.

Dama da noite...
Acorda o teu corpo sem alma
Apaga a luz vermelha do quarto e se acalma
O crepuscular do dia chegou
Tira as algemas das mãos
Dama da prostituição
Liberta os corações acorrentados
Apaga da mente os que te pagam
Enterra o teu passado de uma vez
Não saia com o teu último freguês
Um dia foste dama
Na cama de qualquer um.
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NOSSO SEGREDO

Autor: Beto Rocha

Nossa chave
Nossa casa
Nossa vida
Nosso amor
Nosso coração
Nossa razão
Nossa noite
Nossa proteção
Nosso momento
Nossa oração
Nosso conforto
Nossa alma
Nosso dormir
Nosso sonhar
Nosso acordar
Nosso agradecer
Nossos planos
Nossa realidade
Nossa saudade
Nosso instante
Nosso toque
Nossas mãos
Nossos carinhos
Nossos beijos
Nossos desejos
Nosso cantinho
Nossa cama
Nosso corpo
Nossa chama
Nosso medo
Nossa esperança
Nosso horizonte
Nossa fantasia
Nossa poesia
Nosso livro
Nosso conhecimento
Nosso mundo
Nosso tudo
Nossa relação
Nosso segredo
Nossa paixão.
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O DESEJO DE LUISA
Autor: Beto Rocha

Luisa era uma menina que só tinha 12 anos, mas já sonhava sonho de gente grande: o de vencer na vida, nos estudos, ter um bom emprego, enfim... ser muito feliz.
Ela vivia em uma pequena casa, onde morava junto com o pai. Mas algo lhe faltava. Existia uma profunda tristeza em seu olhar. O que seria então? Era uma coisa que todo mundo queria saber. De vez em quando alguém pegava Luisa chorando! O que teria acontecido com Luisa? Tempos depois fiquei sabendo que a tristeza de Luisa era porque sua mãe havia falecido em um acidente de carro. Então ela pedia muito a Deus pra ver sua mãe novamente, nem que fosse pela última vez.
Era noite quando Luisa foi para cama, não demorou muito e começou a dormir como um anjo. Dormiu bem a noite inteira, quando, de repente, o celular toca e avisa, são 06h30min “da manhã”.
- Hora de levantar, Luisa! Fala seu pai.
Ela levanta e diz:
- A benção, pai!
Seu pai responde:
- Deus te abençoe, minha filha!
Luisa levanta e vai escovar os dentes, depois senta na cadeira para tomar café. Agradece a Deus por mais um dia e pelo alimento que está na mesa. Toma o café da manhã, se arruma, espera as colegas passarem e sai para mais um dia de aula.
Mas dizia no seu coração: “Hoje o meu dia vai ser um dia diferente!”
No início parecia um dia normal, ou seja, mais um dia de rotina no cotidiano dela. Luiza fala consigo mesma: “O meu dia tem que ser um dia diferente!” Repetia isso várias vezes! Porém, nada acontecia. Chega a hora do lanche! Fica passeando com as colegas para lá e para cá. Aproxima-se um menino, daqueles bem chatos:
-Luisa me dá uma chance, vai! Ela, nem dá bola, pois isso era comum no seu dia-a-dia. Mas não se conformava, porque transcorria um dia normal, como outro qualquer. Tinha que ser diferente para ela, e nada acontecia de novidade. Até a dor da saudade era a mesma. A sirene toca, são 11h45min, hora de ir embora. Saiu caminhando com as colegas de volta para casa um pouco triste, porque seu dia não foi diferente. Chega em casa, guarda a mochila, tira a roupa e vai tomar banho para almoçar. Quando Luisa se aproxima da mesa e tem uma grata surpresa, viu três pessoas sentadas, sua mãe, seu pai e ela. Não acreditou no que viu, olhou para o seu pai para contar a ele e quando voltou o olhar onde viu sua mãe, ela não estava mais lá. E achou que poderia ser a dor da saudade, por isso o motivo da visão. Seu olhar ficou melancólico, pois doía tanto que era como uma espada afiada, que atravessada no peito cortava toda a alma e medula, parecia uma doença incurável, que os médicos teriam lhe dado à sentença de morte, de tanto sofrimento. Seu pai percebeu alguma coisa, viu Luisa indiferente e perguntou:
- É saudade de sua mãe, minha filha?
Disse Luisa:
- Sim, papai, é.
- Deus a levou para junto d’Ele, nunca esqueça dos conselhos que ela lhe dava. Dessa forma, ela estará sempre em sua mente e no seu coração.
Mas Luisa sentia que teria ainda um dia diferente. Chega a noite, janta e vai assistir um pouco de televisão. As horas se passam cada vez mais depressa.
- Hora de dormir! -diz o seu pai.
Luisa vai para a cama. Senta para orar e agradecer a Deus pelo dia. Quando deita, sua mãe aparece sentada na beira da cama. Luisa, sem nada entender, ainda atônita fala:
- Mãe, a senhora voltou! Pedi tanto a Deus que a senhora voltasse que Ele resolveu me atender.
Abraçam-se e Luisa chora tanto nos braços de sua mãe, que lava seus cabelos com o seu pranto, da imensa saudade que sentia.
Sua mãe, no entanto, apareceu realmente bem diferente. Num vestido branco e longo, banhado do mais fino ouro de tão bonito que era. Seus cabelos, claros como o raiar de um novo dia, longos como as palhas de uma palmeira, trazia alguns nomes em forma de mensagens em cada uma das pontas, como se fosse algum significado ou aviso. Um semblante calmo e sereno, um pouco transparente, assim como um anjo de Deus, ou aqueles que a gente vê em um daqueles filmes de TV, talvez até aquele que a gente sonhou um dia. Em volta do quarto, uma luz muito forte que encandeava a vista de quem estivesse próximo dali, por brilhar muito.
Ela começou a falar com uma voz branda e paciente:
- Luisa, minha filha querida, eu vim lhe ver pela última vez, estava com muitas saudades suas! Vim dizer que nunca esqueça os meus conselhos, estou muito feliz por você continuar seus estudos, você tem sido uma ótima filha para o seu pai, tem se desviado do mal, sei que tenho permanecido em seus pensamentos, o que falei um dia a você, sei que ainda reflete nas suas mais claras lembranças, desde quando você era ainda uma pequena criança, até os dias de hoje, pratique a bondade, a caridade, o amor. Assim você estará plantando boas sementes no céu. No devido tempo, Deus dará seu crescimento e frutos com abundância. Realize todos os seus sonhos, minha filha! Desejo a você toda felicidade do mundo! Este é o meu último...
Sua mãe nem terminou de falar, quando o despertador toca e avisa: são 06h30min da manhã. Luisa levanta-se para mais um dia de aula.
Ficam agora as perguntas: foi a saudade, vontade de ver sua mãe, visão, sonho ou finalmente o amor, que transcende a qualquer entendimento, e vai em busca de ultrapassar as barreiras do pensamento entre o imaginário humano e transporta-se até o psíquico, que envolve a mente e o coração, e não se sabe mais o que é realidade, fantasia, desejo próprio ou delírios, que fez com que a mãe de Luisa aparecesse a ela?
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BILLY

Autor: Beto Rocha

Março de 2002. Caminhando pelas ruas de uma cidadezinha do interior da Bahia chamada Porto Seguro, encontrei um velhinho sentado na calçada pedindo esmolas. Ao seu lado, um cachorro magro que me apresentou como seu melhor amigo e que protegia o único bem que ainda lhe restava, sua pobre e miserável vida. Alimentava-se de restos de comida e migalhas de pão que os outros deixavam no lixo. Sentei-me ao seu lado e pedi-lhe que me contasse uma história e logo que terminasse lhe daria uma moeda. E com grande riqueza de detalhes, com simplicidade e fala mansa começa a me contar:
- Havia um homem rico, bom pai de família e muito trabalhador, vivia com sua esposa, sua única filha e seu cachorro Billy que guardava sua linda casa. Também com eles morava uma empregada. Eram rodeadas de muitos presentes e jóias caríssimas. Ele não lhes deixava faltar nada, talvez para substituir sua ausência, pois o mesmo não tinha tempo para os dois únicos amores de sua vida. Dessa forma referia-se a elas perante os amigos como a razão do seu viver, seu único bem querer. Todavia, só pensava em trabalhar, trabalhar, trabalhar, já que ele tinha traumas de um passado triste, de fome, miséria e humilhações nas casas dos outros, quando era apenas uma criança fraca e indefesa. Por isso, a sede de conquistar cada vez mais, enquanto era ainda jovem. Uma noite, ao retornar a sua casa se deparou com pegadas de sangue na escada. Quando entrou, seu desespero foi ainda maior: encontrou também, alguns retalhos de roupas rasgadas e manchadas de sangue no chão, parte de um dedo com um anel que ele dera a sua esposa como presente de casamento. Ficou totalmente enfurecido com a cena que presenciou.
Percebendo que as pegadas eram do seu cachorro, teve a certeza que o mesmo matara sua mulher e filha. Estava ainda segurando o revólver quando o cachorro apareceu saindo do corredor que dava acesso ao último quarto da casa, com a boca suja de sangue e abanando o rabo. Sem pensar em nada, engatilhou a arma e disparou, matando assim seu melhor amigo, em seguida começou a chutá-lo dizendo:
- Seu assassino, você matou minha esposa. E chorando muito desabafou:
- Eu a amava mais que minha própria vida!
Tendo em vista a tragédia e desesperado passou a culpar a todos, inclusive ao próprio Deus. Então passa a fazer interrogações fortes, cheias de lamentos pelo que aconteceu.
- Por quê? Por que meu Deus? Logo comigo isso aconteceu? Nunca fiz mal ao próximo, sempre ajudei a quem precisa, quando uma pessoa tem alguma coisa pra me falar, sempre escuto e dou até bons conselhos quando me pedem. Eu que acredito sempre nos meus melhores amigos.
Estava ainda em pé, chorando muito, quando chegaram à sala sua mulher e sua filha aos gritos:
- Papai, o Billy salvou nossas vidas e nossa casa!
Foi então que elas viram o pobre cachorro caído no chão e ele ainda com a arma na mão. Abraçou-as. Em seguida se afastou delas, deitou a cabeça em cima do seu cachorro e chorou copiosamente... Logo depois disparou o revólver contra sua própria cabeça, caindo morto em cima do seu melhor amigo.
O velhinho continuou contando sua história:
- E o ladrão depois de pular o muro, ensangüentado, saiu correndo pela rua, sendo preso pela polícia que havia sido acionada pelos vizinhos. O mesmo foi julgado e continua pagando sua pena até hoje.
- Como é que o senhor sabe que ele continua pagando sua pena até hoje? -Perguntei eu ao velhinho. E ele mostrando a mão direita falou:
- É simples meu amigo, o ladrão sou eu!
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O VELHO DA CABANA
Beto Rocha
Um grupo de jovens participou de uma olimpíada de ciências. Foram os vencedores. Como prêmio ganharam um passeio, passariam um final de semana em uma reserva florestal que ficava no pequeno vilarejo de Campo Lindo, aproximadamente 320 km de distância, no extremo sul da Sibéria.
A professora Tereza, providenciou tudo o que precisava inclusive o ônibus. Marcou uma reunião na quinta-feira com os pais às três horas da tarde na escola. Explicou o roteiro da viagem, o intuito, normas, tarefas que os alunos deveriam cumprir, providenciar alimentos e agasalhos, horário da partida, saída prevista para as sete horas da manhã de sexta feira, tudo através de um folheto. Cinco pais desistiram de mandar seus filhos, por ser o lugar muito distante da cidade.
Logo amanhece. É então sexta feira, finalzinho de inverno, um lindo crepuscular se forma além da linha do horizonte, prometendo um grande dia de sol. Eles iriam então conhecer um lugar mágico, conferir in loco o que aprenderam na sala de aula. Uma espécie de aula prática, apesar de ser um passeio dentro da floresta, que com certeza contribuiria muito na formação do intelecto de cada um, traria ricos conhecimentos e mais respeito pela natureza.
Entraram no ônibus e partiram rumo à reserva florestal. Já dentro do ônibus os ‘’mais espertos’’ combinaram logo quem ficaria com quem até o final do passeio, sem o conhecimento da professora é claro.
Em um dos grupos ficou MELISSA que era mais conhecida como uma menina egoísta manipuladora, invejosa, cheia de maldades em seu coração. A mesma tinha um trauma de infância, por ter sido abandonada por seu pai, vivia elaborando planos diabólicos para prejudicar Safira. SAFIRA, que por sua vez era uma menina bonita, inteligente, prestativa e, principalmente temente a Deus, com isso, chamava a atenção dos meninos por causa da sua beleza inconfundível, por isso era alvo de invejas e perseguições. Que na sua saída para o passeio, recebera um bilhete de seu pai para que fosse entregue a Melissa só quando chegasse à reserva. SABRINA era ‘’amiga’’ de Melissa, só por interesse próprio, por isso contribuía para que a mesma praticasse suas maldades. Pois Melissa pagava seu lanche na hora do recreio e também uma sabia os segredos da outra. FERNANDO tinha ciúmes de GABRIEL com Safira, por quem era apaixonado, queria conquistá-la através da força e da violência, vivia tramando planos para afastar Safira de GABRIEL, que, na verdade eram só amigos. E finalmente, GABRIEL, que era como um anjo, todas as pessoas queriam estar perto dele, um rapaz intelectual, culto, carismático, estudioso, conselheiro, mas que todos acreditavam que Safira era apaixonada por ele, porque os dois eram vistos constantemente conversando.
As horas se passaram e finalmente chegaram à reserva. A professora Tereza entregou a autorização para o guarda florestal, depois o mesmo disse que iria ao pequeno vilarejo de Campo Lindo comprar mantimentos e logo voltaria. Final de tarde, só deu tempo montar as barracas próximas umas das outras, para que ninguém se perdesse. Logo escureceu e não dava tempo de fazer mais nada. Jantaram, acertaram tudo para o outro dia e foram dormir.
O sábado chega de uma forma mágica e encantadora, formando lindas paisagens, os alunos contemplando um alvorecer nunca visto por eles. Um presente de Deus para aquele lugar, suas montanhas e campinas cheias de cachoeiras que formavam os rios, passarinhos se alimentando no topo das árvores, cantando lindas melodias e tomando águas que ficavam nas folhas molhadas pelo orvalho da manhã que caia nos campos da reserva. Flores e rosas espalhadas por todo canto, suas pétalas caiam nas águas do riacho perfumando-as, parecia um quadro pintado por um artista num grande dia de inspiração.
A professora reúne os alunos e repassa as informações e pede que não se afastem muito os dos outros. Partiram em grupos de cinco, cada grupo foi para um lado diferente da floresta, mas sempre um pouco próximos, combinaram também um ponto de reencontro. Melissa e Sabrina se afastaram dos outros, cuidaram logo de botar seu plano em prática. Melissa combina com Sabrina e Fernando para tirar a atenção de Gabriel.
Enquanto os outros grupos aproveitavam e curtiam a reserva, Melissa chama Safira para irem pegar água no riacho, pois estava com muita sede. Safira muito prestativa concordou em ajudá-la, mas antes Safira entrega o bilhete a ela, o qual guarda no bolso da calça.
Melissa disse a Safira:
-Fica aí esperando que eu volte, não sai daí Hein. Safira senta-se no alto do barranco, ao lado do riacho, fica admirando toda aquela beleza na natureza. De repente Melissa chega por trás e empurra Safira barranco a baixo e corre para que ninguém a veja, nem a acuse de nada. Safira rola no chão bate a cabeça num pau e desmaia. Melissa volta correndo e passa pelos outros de seu grupo sem Safira. Gabriel sai a procura de sua melhor amiga e também desaparece.
O inesperado acontece, cai uma violenta tempestade, Safira torna com os pingos d’água tocando em seu rosto, levanta atordoada e sai a procura das barracas. Está chovendo muito e ela confunde a direção e perde-se em meio à imensa floresta.
Todos voltam para as barracas, menos Safira e Gabriel que foi procurá-la dentro da mata. A professora sente falta dos dois, pergunta aos alunos, que disseram, Safira está namorando com Gabriel. Afastaram-se por conta própria e se perderam. A professora Tereza resolveu interromper o passeio devido o ocorrido e volta a cidade para procurar ajuda. O guarda ainda não tinha voltado devido à tempestade. O motorista dá a partida e vai estrada a fora. A pista estava molhada e escorregadia, em uma curva aparece no meio da pista uma árvore caída, ele tenta frear, escorrega e capotam várias vezes, caindo num precipício.
Algum tempo depois o guarda florestal passa no local vindo do vilarejo e aciona o corpo de bombeiros. Demoram muito, quando chegam descem o penhasco através de cordas, resgatam todos os corpos, só uma pessoa está aparentemente viva.
Já no hospital ligaram para todas as famílias. Identificaram o nome da única sobrevivente. Seu nome é Melissa. Os médicos disseram a sua mãe, que infelizmente ela iria ficar de cadeira de rodas para o resto de sua vida, porém Melissa ainda não sabia de nada.
Enquanto isso Safira continuava perdida na reserva. Adormeceu num pé de árvore, durante a noite inteira com frio, sede fome e falta de ar causado por uma pneumonia aguda devido passar a noite inteira molhada, porque a mesma sofria com problema de asma. Já era então domingo, cedo da manhã, a menina torna pelos cânticos dos passarinhos, depois houve um segundo barulho de alguém que, supostamente partia lenha. Sai cambaleando, avista uma cabana e na frente um velho de barbas e cabelos brancos como a neve, com seus olhos cor de mel, que apesar de seus cabelos serem brancos, tinha a aparência de um jovem de pouco mais de trinta anos, levando lenha para dentro, pois fazia muito frio naquela região. Safira corre, cai e desmaia mais uma vez, próximo ao monte de lenha. O homem pega ela nos braços e a leva para dentro. Substitui suas roupas molhadas, coloca-a próximo a lareira para aquecê-la, depois lhe dá uma sopa quente com um pedaço de pão, cuida de seus ferimentos com ervas naturais. Depois disso a menina dorme o restante da manhã de domingo, acorda totalmente curada.
Então Melissa lembra-se do bilhete que Safira lhe dera lá na reserva. Depois de alguns instantes, Melissa pede a mãe sua calça comprida que estava em um armário do apartamento do hospital, ainda suja de barro e sangue. Pega o bilhete, diz para sua mãe que gostaria de ficar um pouco só. Lê e o que está escrito: Melissa me perdoe, mas não dá mais para esconder. Estou com uma doença grave e posso morrer a qualquer momento. Gostaria de dizer que Safira é sua irmã. Peço que me perdoe. Beijo de seu pai. Chorando muito e nervosa, chama sua mãe e pergunta, a mesma confirma tudo.
-Mãe acho que eu fiz uma besteira, e conta tudo para sua mãe o que fez com Safira. Arrependida chora amargamente e fala:
-Mãe se a Safira sobreviver irei pedir perdão a ela.
Longe dali Safira se recupera na cabana, por sua vez o velho pergunta se ela quer que ele vá deixa ela em sua casa, a mesma responde que sim, mas como?
-Eu sei de uma estrada de barro que diminui muito o percurso. Diz o velho.
Em seguida escuta a voz de Gabriel, que é ajudado, também pelo o velho da cabana, abraça a amiga Safira, alimenta-se. Enquanto isso o velho vai pegar o cavalo, o qual é chamado pelo seu dono de Apocalipse. Montam no cavalo e partem rumo à cidade. Chegando próximo a Sibéria, pára o cavalo, descem e o velho dá a Safira uma pequena lembrança. Eles dão um abraço demorado, cheio de ternura naquele homem, que os ajudaram muito sem os conhecerem, agradecem por tudo e partem rumo as suas casas.
Logo em seguida Safira resolve abrir o presente. Ela fica surpresa: é um rolo de pergaminho com uma mensagem que diz: ...E EIS QUE ESTOU CONVOSCO TODOS OS DIAS, ATÉ A CONSUMAÇÃO DOS SÉCULOS. AMÉM. (Mt 28;20b). Logo em seguida olhou para trás, aquele velho homem tinha desaparecido.
Alguns dias se passaram...
Mesmo sendo distantes, muitos sendo contra, sua mãe resolve ir até aquela reserva florestal para agradecer aquele bom homem por toda ajuda que prestou a Safira, que amou e cuidou como se fosse sua própria filha. Chegando lá, pede o guarda florestal para ir até a cabana, queria agradecer pessoalmente aquele homem. Quando o guarda diz:
-Senhora eu trabalho aqui na reserva a mais de vinte anos, garanto a vocês que essa cabana não existe, mas para tirar suas dúvidas, as levarei até o lugar indicado pela sua filha. Chegando lá, não existia absolutamente nada, a não ser o riacho e a imensa floresta. Quando se lembrou da mensagem escrita que recebera do velho da cabana. Só então Safira se deu conta que tinha passado um dia ao lado do próprio SENHOR JESUS CRISTO.
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