ROSTO DE VIDRO
Olá...
Quem é você?
Hoje eu olho para mim
O meu rosto está desfigurado
Definitivamente, esse não sou eu.
Na imagem trêmula em minha frente
Eu não me vejo mais nela, outrora apaixonado
Um sonhador, um amante
Errante do amor
Está desfigurado, cheio de cicatrizes do tempo.
A alegria que sentiu um dia
Não é a mesma de um passado bem distante
Os meus sonhos envelheceram junto comigo
Estou sempre com pressa de partir
Minha imagem me suga
Sou engolido pelas paredes de vidro
Em meu quarto estou ausente
Totalmente preso, só pesadelos vem em minha mente.

Estou sem saída...
Agora só penso em despedidas
O tempo não volta mais, não traz a minha juventude
O meu rosto sente desgosto
Não tem mais gosto em vê-lo a vida
Abre em meu dilacerado coração a dor da morte
Não dói mais em mim a partida
Descansa minha alma ferida
Ah Deus! A ti entrego a minha alma aflita
Vou me encontrar cara a cara com a morte
Só assim a dor do pecado me esquece
Para o céu além do infinito vou partir
Lá ninguém jamais envelhece.

Algo estranho está acontecendo
Sinto uma grande angústia dentro de mim
Nesse momento do meu sofrimento
Estou saindo do meu corpo
Vejo o meu rosto morto
Agora ele é transparente
Nunca mais será tocado, nunca mais será beijado
O perfume das flores me faz companhia
Estão me velando
As pessoas me assustam em seus rostos não vejo alegrias
Querem tocar meu rosto de vidro
Não bate mais meu coração
Sinto-me preso dentro de um caixão.
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PRIMEIRA E ÚLTIMA VEZ...

Beto Rocha

Na primeira vez que te vi
Meu primeiro olhar me traiu
Minha primeira aproximação
Primeiro toque em suas mãos
Primeiro beijo no rosto
Primeiro abraço quente
Primeiro desejo de repente aconteceu
Nasce o primeiro sentimento no meu coração
Nesse momento tento fingir que não é comigo
Mesmo assim minha alma é cúmplice de mim
Minha primeira busca em segredo
Primeiro céu sem chuva
Primeiro crepúsculo lindo
Primeiro dia sem medo
Primeira manhã calma
Primeira tarde sem chuva
Enfim, nosso caminhar livre como os pássaros.
Nesse primeiro momento, tudo me assusta, só penso em fugir pra bem longe.
De repente uma folha começa a vagar em nossa direção, são nossas testemunhas.
Como se quisesse companhia de dois seres que se perderam na plenitude de um infinito sentimento
O vento a sopra para junto de nós,
Já não estamos mais sozinhos neste lugar
Minha primeira maçã proibida
Sinto-me como réu sendo julgado pelo tempo perdido
Meu primeiro sol me aquece timidamente
Agora definitivamente meu coração se esquece de mim
O vento leva tudo embora e tira a minha razão de sonhar
Minha visão agora é turva
Eu não a vejo mais caminhando nessa estrada
Sinto-me incapaz de raciocinar, estou inseguro.
Diante das circunstâncias, não vejo mais nenhuma saída.
Oh! Deus acelera o tempo e faça-o passar mais depressa
Agora estou delirando, minha voz emudece não me reconheço mais.
Perco-me de mim mesmo, não sei mais quem sou.
N a última vez que te vi
A primeira lágrima cai
Primeira saudade dói
Primeira perda acontece
Meu primeiro choro me entristece
Agora a chuva cai lá fora
Os pingos da chuva se confundem com meu pranto
À tarde já sem sol esta chorando por mim
Minha primeira solidão atinge o meu âmago
Sua primeira ausência eu sinto frio
Minha primeira dor no coração vazio
Minha primeira noite de luar escuro
Primeiro sonho sozinho parece mais um pesadelo.
Primeiro inverno antes do tempo acontece
Minha primavera sem flor
Primeiro arco-íris é preto e branco
Minha primeira noite no deserto
Primeiro rio sem água corrente
Separando duas vidas num só coração
Minha primeira saudade
Primeiro outono
Minha primeira noite sem sono
Primeiro vento sem força
Meu primeiro céu sem estrelas
Primeiro livro sem história
Meu primeiro conto sozinho
Primeira poesia triste
Minha primeira noite gelada
Vou seguir o meu caminho até o fim da estrada
As madrugadas no deserto do sofrimento são frias, meu corpo não vai suportar.
Não sei para onde ir, estou sem raciocínio.
Perdido em meio à escuridão das montanhas do coração
Finalmente o dia dá um sinal de alerta
Um novo horizonte chegou na hora certa
Finalmente encontrei a direção
Meu coração começa a reagir
Na primeira e última vez que te vi
Hoje tenho absoluta certeza
O vento levou você de mim.
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MINHA PEQUENA XAPURÍ
Autor: Beto Rocha

Vou contar a todos vocês
Um causo que aconteceu
Na minha pequena Xapurí
De muita gente importante
Terra de Glória Peres, Armando Nogueira
Chico Mendes e Sebastião Vasconcelos
Onde o pôr-do-sol nasce sempre mais belo
Do que em outro lugar
Meu pai era um artista de verdade
No clube municipal
O melhor tocador da cidade
Seu nome era Raimundo Estanislau
Um homem “galantiador”
Gostava de muitas mulheres
Era um grande conquistador.

Eu era apenas uma criança
Vivia correndo no “quintá”
Fazendo estripulias no meio no “matagá”
Um dia meu pai foi pro roçado
Eu “siguia” de perto ao seu lado
Ele” trabaiô” de manhã na lida
Quando “oiô” para o sol que ardia
Já era quase “mei” dia
Meu pai disse: meu ”fi”, “avia”
Vai buscar minha bóia
Pra “mode” eu “cumê”
“Tô” com muita fome
Acho que vou morrer
“Vamu” meu “fi” “avexe”
Eu comecei a dizer
Essa é nossa sina aqui
‘‘Nós não tem” sorte na vida
Na minha pequena Xapurí.

Eu “peguei, curri, curri”
Pra “mode” não “apanhá”
Subi uma grande ladeira
Eu era apenas um menino “buchudo”
Falando muita besteira
Tinha tudo na barriga
Tinha vento, só não tinha “cumida”
Tava mais perto da morte do que da vida
Eu só reclamava de fome
Só pensava em “cumida”
Será que ele não vê
Eu também tenho que “cumê”
Olha a cor da minha pele
“Tô” um amarelo “impambado”
Meu ”bucho” “ta” vazio
Vou tomar água do rio
Pra “mode” encher a barriga
Essa é nossa sina aqui
‘’Nós não tem’’ sorte na vida
Na minha pequena Xapurí

Cheguei lá na minha cas
Assoalho de paxiúba
Coberto de ‘’paia’’ do mato
Assim era nossa moradia
Peguei a bóia no prato
Sentei no chão com alegria
Passei a comer tudo que tinha
Minha mãe deu um grito
Meu “fi” essa bóia é do seu pai
Não podia nem “cumê”
Levantei de um pulo só
De repente comecei a suar
A bóia logo quis voltar
Essa comida é forte meu fi
Mãe acho que vou “dismaiá”
Naquele tempo saiba vocês
Quem “trabaiava” no pesado
Se alimentava com mais “sustância”
Se não “dismaiava” no roçado
Essa é nossa sina aqui
‘’Nós não tem’’ sorte na vida
Na minha pequena Xapurí

Sua bóia é essa daqui
Um “bucadim” de arroz no fundo do prato
Um “pedacim” de carne do mato
Só comia carne de verdade
Quando mordia a língua enganado
Ou quando o meu pai vinha na cidade
Feijão só a raspinha, pra ‘mode” economizar
Macarrão um sonho distante
Assim era a nossa vida errante
Achava que Deus tinha de nós se esquecido
Rezava o pai nosso várias ave Maria
Pedia a são Sebastião
O padroeiro da cidade
Até nossa senhora aparecida
Nós não tinha felicidade
Essa é nossa sina aqui
‘’Nós não tem’’ sorte na vida
Na minha pequena Xapurí

Cheguei lá no roçado
Procurei meu pai ao lado
Achei ele no chão
Peguei ele pela mão
Com tanta demora assim
Achei que tinha “dismaiado”
Aí me apavorei, fiquei muito assustado
Quando vi o meu pai caído no chão
Pensei logo que tinha morrido
Gritei: Pai, Pai,
Pequei no seu rosto frio
Ele “dispertô” e disse: o que é isso meu fi?
Ai, graças a Deus ele “ta” vivo!
O que o senhor faz aí no chão
Meu fi fui a sua procura
Deitei aqui nessa sombra
Pra” mode” passar a tontura
Essa é nossa sina aqui
‘’Nós não tem’’ sorte na vida
Na minha pequena Xapurí

A tarde já tinha começado
Bateu uma diarréia danada
Fomo embora do roçado
Logo minha mãe teve uma idéia
“Vamo” embora daqui
Da nossa pequena Xapurí
Quero que vocês “istude”
E quando “crescê” me ajude
A não passar mais fome na vida
“Viemo” de lá prá cá de canoa
“Remano” sete “dia” com sete “noite”
“Passamo” muito “aperrei”
Alagação dentro da embarcação
Cobra no porão da canoa
Seis “minino” “sentado” nos “banco”
Depois de vários dia de viaje
‘’Viemo ” “pará” em Rio Branco
Tomara que a nossa sina aqui
Nós tenha mais sorte na vida
Do que na nossa pequena Xapurí
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O CRIADOR DE HISTÓRIAS
Beto Rocha
Um dia... Um velinho de olhar triste, barba branca e cabelos compridos, caminhava pelo centro da cidade... Ele se chamava Moscou e criava muitas histórias que emocionavam a todos que escutavam.
Moscou trabalhava numa escola que se chamava PRONTOS PARA O FUTURO. Lá contava suas lindas histórias para os alunos, para que meditassem sobre suas vidas. Mas apesar de tudo que fazia, Moscou estava decepcionado. Resolveu então ir morar na floresta encantada e contar suas histórias para os habitantes daquele lugar.
Chegando à floresta Moscou contemplou muitas coisas lindas: animais silvestres, cachoeiras, montanhas, campos cheio de flores muito coloridas, riachos, viu também árvores centenárias. Todas eram árvores exuberantes. Encantado com a floresta foi procurar madeira para fazer uma pequena mesa e um banco. Moscou pegou seu livro e sua caneta, sentou e começou a criar uma história. Quando terminou de escrever, resolveu passear para conhecer melhor a floresta.
Moscou andou, andou e encontrou um belo lago. Ouviu vários gritos:
- Socorro! Socorro!
Correu e viu uma criança se afogando. Viu um galho no chão próximo a uma árvore e jogou para a criança pegar. Moscou era um velho sábio da floresta, mas não tinha força suficiente para puxar a criança da água e começou a pedir ajuda de Deus. De repente sentiu alguém ajudando a puxar a criança. Ao tirá-la da água perguntou:
- Olá, como é seu nome, como você veio parar aqui, cadê sua família?
A criança respondeu:
- Eu estava passeando na cidade, quando fiquei sabendo que o senhor havia ido embora para nunca mais voltar, vi um caminho que dava acesso à floresta e comecei a segui-lo, acabei chegando aqui, minha família está na nossa casa na cidade e meu nome é QUERO VENCER NA VIDA e minha família se chama MEU FUTURO.
Moscou disse:
- Vou levar você para casa.
Ao anoitecer Moscou separou alguns CDs de reflexão para levar pra escola.
Na escola, Moscou chamou alguns alunos que não se comportavam muito bem para a biblioteca e disse-lhes:
- Chamei vocês aqui para que possam refletir sobre suas vidas.
Eles obedeceram e baixaram suas cabeças. Moscou colocou um CD de reflexão e começou a falar de Deus. E eles refletiram.
Ao terminar o expediente Moscou foi até a floresta e fez uma história muito linda falando de uma floresta encantada onde tinha muitas magias. Mas ele não sabia que a floresta da sua história era verdadeira. Também não sabia que homens do governo foram mandados para cortar algumas as árvores para fazer cadernos para as escolas, folhas e compensados, materiais de madeiras e muitas outras coisas.
Ao sair da floresta Moscou deixou seu livro em cima da mesa que ele construiu com muito carinho dentro da imensa floresta. Sentiu um grande arrepio ao chegar a casa e viu que livro não estava com ele. Desesperado voltou até a floresta e ao chegar lá presenciou a mesma sendo destruída pelos homens do governo. Ficou muito triste porque o seu livro também tinha sido destruído junto com a floresta.
Passaram-se três semanas Moscou voltou à floresta e contemplou as árvores mais lindas que ele já tinha visto:
-De onde esta linda floresta surgiu, se eu vi os homens cortando todas as árvores?
Foi então que Moscou ouviu uma voz de trovão que vinha do céu:
- Moscou você é um homem muito sábio e inteligente e por isso vou lhe contar um segredo: já vieram muitos homens do governo cortar as árvores da floresta, mas quanto mais eles as cortam mais nascem dentro da floresta encantada! Eu fiz isso para que pessoas como você, cheia imaginação e sabedoria nunca deixe de criar lindas histórias e nunca pare de contá-las às pessoas, pois eu também contei muita delas para você, lembra? Por isso, tem direito a um pedido. Ah... Está aqui o seu livro SONHO DE LIBERDADE que guardei impedindo de ser destruído pelos homens da floresta. Moscou ficou muito feliz e pediu que voltasse a ser jovem. A pessoa que estava falando com ele naquele momento era Deus. Fez Moscou ser jovem novamente para lhe proporcionar muitos anos de vida, para criar muito mais histórias. E Deus fez cair num sono. Ao acordar Moscou estava jovem de novo e tinha seu livro nas mãos. E tudo o que ele tinha vivido era apenas um grande sonho. Então pegou seu livro de contos UM PASSARINHO ME CONTOU... E escreveu tudo o que tinha vivido dentro da floresta encantada.
Na escola em que trabalhava contou aos alunos à história que ele viveu em um sonho que teve ao lado de DEUS.
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O JURAMENTO MÉDICO
Beto Rocha

Leonardo era um jovem idealista na vida, apesar de ter apenas 20 anos, possuía um objetivo, fazer medicina em São Paulo na área de TRAUMATOLOGIA. Apesar de ser uma faculdade muito cara, era o sonho de seus pais, que possuíam condições financeiras o suficiente de mantê-lo, eles queriam também fazer de LEONARDO um grande médico.
O jovem sonhador parte para São Paulo em busca do seu objetivo. Logo começa a fase de adaptação, os estudos exigem muito dele, vêm às dificuldades, nunca fez nada vida a não ser estudar. Ali ele teria que lavar suas roupas, fazer comida, dar conta dos trabalhos, pesquisas, aulas práticas com cadáveres, visitas aos hospitais, saudades de seus familiares. Enfim, o jovem Leonardo sofreu muito. Nos raros momentos de folga, Leonardo conheceu uma linda jovem acadêmica de medicina da área de PEDIATRIA que estudava na mesma faculdade que ele. O namoro deixou Leonardo um pouco mais feliz, tinham os mesmos sonhos, ideais e objetivos na vida. Logo se viram apaixonados. Então passaram a usar um anel de compromisso, assim que se formassem casariam, pois não tinham dúvidas de seu sentimento.
Depois de seis longos anos de estudos, de muita luta, finalmente chega o dia de sua formatura, seus pais vieram de sua cidade natal para prestigiá-lo e vê-lo fazer o seu juramento diante de todos os convidados. Então começa a cerimônia, logo em seguida veio o juramento: Eu Dr. Leonardo juro diante dos homens e de Deus, exercer minha profissão, com amor, dedicação e respeito, cuidar bem das pessoas custe o que custar, a qualquer hora e em qualquer lugar que for chamado. Todos foram diplomados e fizeram ali os seus juramentos.
Dr. LEONARDO antes de voltar a sua terra, vai conhecer a família da também Dra. MARINA, para pedi-la em casamento. Eles se casam. Depois de uma semana, viajam para exercer suas profissões de médicos na cidade natal de Leonardo. Não demorou muito Dra. MARINA engravidou, deu a luz a um lindo menino ao qual deu o nome de Lucas. O casal de médicos logo ficou conhecido, por serem competentes ganharam fama e notoriedade, junto com isso vieram muitos clientes, abriram sua própria clínica particular. Então não tiveram mais tempo para cuidar do filho, o menino era criado pela babá que morava com o casal.
Os anos se passaram e o menino cresceu se tornando um adolescente de 15 anos. Lucas era muito bonito, apesar dos pais serem ricos, ele era um garoto simples e humilde, devido ter sido criado por uma babá, por esse motivo fez muitos amigos. O casal de médicos logo percebeu que Lucas precisava de companhia e para substituir sua ausência em casa, decidiu deixar o filho se divertir um pouco.
Dr. LEONARDO e Dra. MARINA chamam Lucas para conversar e liberam-no para sair à noite com os amigos. Disseram a ele que não voltasse muito tarde para casa, pois eles iriam entrar de plantão essa noite em sua clínica e no dia seguinte, sexta feira, no hospital.
Nessa mesma noite, quinta feira, tinha um grande show na cidade. Antes de saírem, Pedro um dos amigos, liga e combina para que Lucas deixe a janela aberta e ninguém desconfie, POIS EU FAÇO ISSO TAMBÉM E DÁ SEMPRE CERTO, diz PEDRO. Vamos chegar muito tarde ou de manhã, a intenção de Pedro na verdade era por causa da sua irmã, que estava a fim de ficar com Lucas sozinha em seu quarto. Lucas saiu com os amigos, curtiram a noite inteira, saíram pela madrugada, foram direto para casa de PATRÍCIA e PEDRO. Enquanto isso o dia amanhece, Dr. LEONARDO e Dra. MARINA se preparam para mais um plantão seguido, desta vez no hospital publico. Lucas não tinha chegado a casa. O menino tinha bebido um pouco e com vergonha dormiu na casa de seus amigos para escapar das broncas, pois sabia do novo plantão de seus pais. São Dez horas da manhã, Dr. Leonardo liga para a empregada e pergunta por seu filho, ela disse: Dr. Acho que ele ainda está dormindo, pois a porta do quarto continua fechada. Nesse mesmo tempo o irmão de Patrícia, Pedro o leva de carro para casa, os dois estão muito nervosos, Lucas sabe que fez uma coisa muito errada e vai levar umas broncas quando seu pai sair do plantão, eles querem chegar logo e entrar pela janela como combinado, para que nem a empregada e nem seu pai saibam de alguma coisa. O irmão de patrícia dirige em alta velocidade. As horas se passam... Dra. MARINA não estava se sentindo muito bem de saúde, durante seu plantão pela manhã, saindo um pouco mais cedo do hospital público para ir até sua clinica particular fazer alguns exames com uma ginecologista de sua confiança, queria saber o que estava acontecendo com ela, e logo retornaria ao seu plantão normalmente. CHEGA A HORA DO ALMOÇO, Dr. Leonardo então diz a enfermeira, que não gostaria de ser incomodado por ninguém, porque essa hora para ele era um momento sagrado, desligar o seu celular e vai almoçar em sua sala. Depois de alguns minutos entra a enfermeira no momento de descanso do médico, interrompendo o seu almoço dizendo: Dr. Leonardo, desculpe, acaba de chegar ao hospital, UM RAPAZ PASSANDO MAL, ELE ESTÁ MUITO FERIDO Doutor.
FINALMENTE Dr. Leonardo termina seu almoço, encontra nos corredores a enfermeira e pergunta: Cadê o rapaz do acidente? Quando a enfermeira diz: Dr. Agora não precisa mais, ele acabou de morrer. O médico preocupado e nervoso, foi até onde o corpo do rapaz se encontrava, tira o pano que o cobria, mudando logo de fisionomia e tem uma péssima surpresa, quando o rosto do rapaz é descoberto, percebeu que se tratava de seu filho Lucas. Essa notícia tirou o chão de Dr. Leonardo, quando se lembrou do seu JURAMENTO MÉDICO, deixando seu único filho morrer e mesmo que não fosse seu filho e sim outra pessoa, deveria cumprir com o seu dever de médico, não trocar uma vida por uma simples refeição. Indignado, arrependido e com um sentimento de culpa lhe atormentando, não se conformando com o acontecido, entrou em sua sala, pegou um revólver que estava em sua pasta, mira em direção a cabeça, ameaça atirar, logo em seguida, sua esposa MARINA, abre a porta do consultório, e diz: LEONARDO não az isso pelo o amor de DEUS, eu estou grávida, você vai ser PAI NOVAMENTE, ela o abraça e o conforta ternamente. Leonardo volta atrás e resolve não cometer mais suicídio e faz ali outro JURAMENTO MÉDICO e desabafa: nunca mais eu deixo ninguém morrer por irresponsabilidade minha, as duras penas, eu aprendi a lição diz o Dr. LEONARDO para a Dra. MARINA.
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CORAÇÃO SEM JUIZO
Beto Rocha

Quantas vezes na vida...
Amamos alguém de verdade
Outras vezes rejeitamos esse sentimento
Sentimo-nos fragilizados
Então fechamos o nosso coração
Para não se apaixonar
Por muitos sofrimentos do passado
Declaramos não mais amar.
Quantas vezes na vida...
Não queremos mais esse sentimento
Mesmo assim ele entra no nosso peito
E quando percebemos
Lá esta ele novamente
Inteiramente em nossa mente
Curando as feridas deixadas
Abre as portas do nosso coração
Entra e faz morada
Acerta o alvo em cheio.
Quantas vezes na vida...
Ele invade a nossa alma
Sem pedir permissão ao seu dono
Logo se instala perto da gente
Começa a tirar o nosso sono
Sem perguntar se queremos ou não
Ignora a nossa razão
Lutamos contra ele até o fim
Com muita determinação
Quantas vezes na vida.
Reagimos a todas as suas investidas
Até fingimos que não amamos ninguém.
Ele insiste
Não desiste
Mas não adianta mais nada
Ficamos cara a cara com ele
É o fim da nossa estrada.
Quantas vezes na vida...
Negamos esse sentimento tão lindo
Mas agora chegou a hora
Pronto, fomos atingidos
Pela flecha do cupido.
E agora o que podemos fazer?
As interrogações começam a aparecer
Não adianta mais fingir
Só resta agora assumir, mesmo sem querer
Estou apaixonado mais uma vez
Meu coração é mesmo sem juízo.
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A MENINA QUE CHORA PELO NARIZ
Na floresta encantada
Beto Rocha

Fazia um imenso verão naquela região, uma paisagem triste, cheia de fumaças, árvores queimadas, folhas secas pelo caminho, formavam assim uma paisagem morta naquele lugar. O sol não dava o ar de sua graça. Não se via mais nenhuma estrela no céu, nem a lua dava mais o seu brilho durante a noite.
Diante desse cenário, uma linda adolescente de cor morena, que se chamava Maresol, preparava-se em seu quarto para dormir, mas todas as vezes que estava triste, tinha pesadelos com freqüência, por isso fazia questão de dormir, às vezes, ao lado do seu cachorrinho de estimação e outras vezes com sua mãe, que a considerava como sua protetora, pois nessas noites específicas tinha medo de dormir só.
Existia um detalhe diferente e muito interessante que chamava a atenção em Maresol, o seu nariz soava tanto quando fiava nervosa, que escorria pelo seu rosto parecendo lágrimas, dessa forma suas lágrimas se confundiam com seu suor, isso era algo incomum entre as pessoas, então ficou conhecida como: A MENINA QUE CHORA PELO NARIZ. Maresol gostava muito da natureza e era considerada como a protetora dos animais, não permitia que ninguém destruísse a floresta.
Maresol deita-se em sua cama para dormir, logo em seguida seu cachorrinho se levanta abre a porta do quarto e sai, a menina vendo aquilo se levanta também e sai à procura do cãozinho de estimação, quando abre a porta aparece uma luz bem forte que encadeava seus olhos. Então ela se vê dentro de uma grande floresta encantada. Maresol começa a ficar triste, pois não encontrava o seu cachorrinho. Os passarinhos, as árvores da floresta e os animais ficam observando aquela menina passar, cabeça baixa, então eles percebem algo diferente, a menina começa a ficar nervosa a chorar. O leão vendo aquilo comenta com os outros animais: Ela está chorando pelo nariz! Imediatamente a onça pintada pula e esclarece: É não seu leão bobão! É pelos olhos mesmo. Dessa forma os animais, as árvores e os passarinhos da floresta começam a andar de um lado para o outro e choram também pelo desaparecimento do cachorrinho de sua melhor amiga, vendo aquela estranha e curiosa cena, nunca presenciada por eles.
A menina caminhava cada vez mais para dentro da floresta encantada, só encontrava folhas secas espalhadas pelo caminho, a fumaça a impedia de enxergar a direção aonde ia e mais e mais se distanciava de sua casa, nenhuma pista do seu cachorrinho era encontrada dentro da floresta encantada, mais triste a menina ficava. A floresta sofria junto com ela, as árvores perdiam o seu brilho, choravam muito pela dor daquela menina, os ipês não eram mais exuberantes como antes, tinham perdido a sua cor e enxugavam as lágrimas que escorriam no seu corpo com um galho em formas de braços. Os passarinhos não cantavam mais em seus ninhos, tristes também choravam no alto das árvores, seus olhos ficavam vermelhos de tanto chorar, secavam suas lágrimas com as asas, os animais por sua vez seguiam ao lado daquela menina, chorando também, a onça pintada não era mais tão pintada assim, o leão todo machão não era mais feroz. Era uma comoção só dentro da floresta encantada. Enfim, a floresta sofria com o drama daquela menina em busca do seu cachorrinho perdido, que tanto ela amava.
Quando encontrou um casarão muito sujo e abandonado em meio à floresta, cheio de teias de aranhas, morcegos que dormiam no alto da casa, papéis jogados no chão, paredes riscas. Sem mais raciocínio próprio sobe até o último degrau da escada, resolve olhar para trás e avista um poço, também abandonado, as folhas secas formavam um grande tapete amarelo, em volta dele, uma paisagem totalmente sinistra. Quando resolve ir até lá para ver se o cachorrinho estava ali dentro, ao se aproximar, fica olhando para o fundo do poço que é escuro e muito fundo. Sente um arrepio, alguém se aproximar por traz dela... Aparece uma menina entre a fumaça para empurrá-la dentro do poço, ao chegar mais perto as duas ficam cara-a-cara e Maresol percebe que na verdade é a sua irmã, quando ficava com raiva se transformava em uma menina malvada, quando ouvia a voz da sua irmã pedindo que não fizesse aquilo o encanto desaparecia mais logo em seguida voltava novamente a ser má. Apesar da fumaça Maresol avistou o seu cachorrinho branco que tanto procurara nos braços da sua irmã malvada.
Maresol observa na orelha da sua irmã, um brinco que ganhara de sua mãe de presente de aniversário, olhou para os pés e viu que ela também estava usando o seu lindo sapato vermelho. Maresol começa a chorar desesperada e formula uma pergunta: O que é que você está fazendo nesse lugar com o meu cachorro?
- Marestrela fala! Você quer seu cachorrinho de volta? Vem buscar! Vem!
Na verdade o intuito de sua irmã era atirar Maresol e o seu cachorro dentro do poço. O motivo maior de todo essa inveja era porque Maresol tinha sido adotada por sua mãe, por isso dava um pouco mais de atenção a ela, com isso, Marestrela se sentia menos amada pela mãe. Pois Maresol de vez em quando dormia ao lado de sua mãe, porque tinha medo de ter pesadelos durante a noite, dormia também no quarto o seu cachorrinho de estimação, que só assim se sentia mais protegida. Dessa forma Marestrela queria tudo que era de sua irmã Maresol e trazia na bagagem da sua inveja, planos para tirar sua irmã “queridinha da mamãe” de circulação.
Mais uma vez sua irmã Marestrela, ameaça jogar o cachorro dentro do poço. Quando do nada se aproxima um menino vestido de príncipe, toma o cachorro de seus braços, pega Maresol e corre para dentro da floresta encantada se distanciando da irmã malvada. Aos poucos Maresol reconhece o menino príncipe, olha em seus olhos e começa a ficar com o rosto vermelhinho, vermelhinho, por se tratar de um menino pelo qual havia se apaixonado há algum tempo.
Estranhamente a floresta começa a reagir e ficar mais colorida com a felicidade momentânea de Maresol, que por sua vez, nesse momento não chorava mais pelo nariz, ou melhor, pelos olhos. Enquanto isso a menina o menino príncipe e o seu cachorrinho corriam para escapar da menina malvada da floresta encantada, corriam, corriam para cima das montanhas, enfrentaram vários obstáculos. Num piscar de olhos a menina má aparece no meio do caminho, bloqueando a passagem, ali próximo está uma ponte feita de cordas, bem alta, em baixo passava um rio de águas correntes, eles correm rumo à ponte para escapar, quando a menina má surge no meio da ponte, num instante começa a ventar muito forte. Nesse momento a fisionomia de Marestrela se transforma rapidinho, a qual pede ao menino príncipe que se afaste de Maresol, porque aquilo era um assunto de família, o mesmo resolve afastar-se, quando Maresol tenta convencê-la:
-Marestrela vem! Vamos pra casa! Mamãe deve estar muito preocupada com o sumiço da gente. Quando Maresol se aproxima pega na mão da sua irmã e fala:
-Mamãe e eu amamos muito você Marestrela.
-Ela volta imediatamente a ser Marestrela, uma linda menina doce, meiga e carinhosa. Enquanto isso, o vento balança a ponte, quando escuta os latidos do seu cachorro, corre, mas não alcança e vê o seu lindo cachorrinho caindo de cima da ponte dentro do rio e desaparece nas águas. Quando começa a gritar desesperada: mamãe, mamãe! Ajude-me. Sua mãe ouve seus gritos que vinha de dentro do quarto e diz: Maresol! Maresol! Acorda minha filha já é hora de levantar, Maresol desperta suada muito aflita e preocupada, logo fita os olhos para onde o seu cachorrinho dormia, ele não estava mais lá, o mesmo tinha desaparecido e ninguém sabia para onde ele tinha ido. Conseqüentemente a MENINA COMEÇA A CHORAR NOVAMENTE.
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A DOR DA SAUDADE
Autor: BETO ROCHA

Havia em um pequeno distrito chamado de ÁGUAS FORMOSAS, um belo lugar com lindas paisagens, cortada pelo rio de PEDRAS NEGRAS e de águas correntes, um lugar paradisíaco. Lá vivia uma família de hábitos simples, ali também crescia a pequena AÇUCENA com apenas seis anos de idade. No princípio era muito feliz, junto de seu pai e sua mãe, para ela, vivia naquele momento de sua vida, um conto de fadas, não lhe faltava mais nada, era tudo que ela tinha pedido a DEUS, viver Junto a sua família em paz.
Numa segunda feira de muita chuva AÇUCENA feliz da vida, foi para a escola a qual estudava, pois queria um futuro melhor para ela, já que seus pais não tinham estudos nenhum, os mesmos eram lavradores do campo. Lá em ÁGUAS FORMOSAS. Por ser uma pequena vila distante da capital, um ônibus da subprefeitura fazia o translado das crianças para a escola todos os dias, por ser uma estrada de chão batido cercada de matas por todos os lados.
O pai da pequena AÇUCENA trabalhava na lavoura do campo quando se aproximou um homem que acabara de comprar uma terra próxima da do pai de açucena, passando a ser seu vizinho. Ao chegar á casa, depois de mais um dia de aula, AÇUCENA teve um pré-sentimento, quando viu esse homem, sentiu um arrepio muito forte no âmago do seu coração, seu pai a percebeu estranha e perguntou:
- O que foi AÇUCENA?
Ela respondeu:
- Nada não pai.
Alguns anos se passaram...
A mãe de açucena cansada da vida que levava no campo resolve abandonar a casa e ir morar na cidade e viver a sua vida sozinha em busca da sua felicidade, ela sempre dizia aos vizinhos que não gostava mais do pai de AÇUCENA, por outro lado as “amigas” aproveitavam-se da ocasião dando à mãe de AÇUCENA os seguintes conselhos:
- É isso mesmo, Vai embora mulher!
- Deixa esse homem!
- Aqui dentro desse lugar cheio de mato você não vai ter nenhum futuro!
- Será?
- Respondeu a mãe de AÇUCENA!
Então ela resolve ir embora enquanto a filha ainda esta na escola e seu marido trabalhando no campo, quando ele chegou para o almoço, encontrou a casa sem ninguém, vai até o quarto e ver que as roupas de sua esposa não estão mais lá, foi quando o ônibus parou em frente da casa, nisso a menina entra e ver o seu pai chorando com a única peça de roupa que ficara o VESTIDO DE NOIVA e ainda com o mesmo cheiro entranhado desde o dia do casamento, ele por sua vez sentado a beira da cama chorando, sentia o perfume do vestido enquanto cenas em sua mente insistiam em trazer lembranças das promessas e juras de amor que ela declarava para ele durante o seu namoro, o mesmo sofria muito, porque ele ainda a amava mais que tudo nessa vida. AÇUCENA vendo aquela cena abraça o pai e diz: PAI EU TE AMO, VOU CUIDAR DO SENHOR, o pai chorava ainda mais nos braços da pequena AÇUCENA.
Na ocasião seu pai saiu para visitar a mãe, para que a avó da menina a ajude a terminar de criá-la e talvez levar a neta para morar com ela na pequena vila.
Esse vizinho era um homem muito estranho, todo o dia se aproximava do aceiro do mato para observar as meninas que vinham no ônibus escolar passar, ele era acusado segundo as pessoas de abusar sexualmente de crianças em outro lugar, mais o pai de AÇUCENA não sabia de nada. Ele então resolve ir à casa do vizinho para conversar com esse homem e pedir para que se afaste de sua filha, ou seja, proteger antecipadamente sua filha de um provável abuso sexual, ao chegar à casa do homem viu uma garotinha de 12 anos da mesma escola a qual estudava a PEQUENA AÇUCENA, pelada, suja de sangue e chorando muito. Alguém já tinha ligado para o polícia devido os gritos, a viatura policial demorou um pouco, quando chego encontrou só o pai de AÇUCENA com a garotinha nos braços e o policial deu a ordem de prisão:
- Você está preso por ter abusado desta criança.
Sem entender o que estava acontecendo, nervoso o pai de AÇUCENA pulou pela janela fugindo para dentro do mato, encontrou um pequeno curral e próximo uma corda que era usada para prender os bois, devido ser um homem de boa índole, ficou envergonhado que talvez sua família e os vizinhos pudesse não acreditar nele, como seria os comentários nos jornais da cidade envergonhando o seu nome, ele se precipitou jogou a corda num galho de uma árvore e se enforcou.
Ao receber a notícia que o pai havia se matado por ter sido acusado de abusar de uma criança, AÇUCENA começou a chorar dizendo que seu pai não era capaz de fazer mal a ninguém.
Depois de uma semana AÇUCENA foi à escola e já não era mais aquela aluna dedicada como em outros tempos, começou a responder a professora e não queria mais fazer as atividades.
Nazaré a mãe de AÇUCENA antes de seu ex-marido morrer queria sua guarda na justiça. AÇUCENA mesmo assim preferiu ir morar com a avó, mas a menina ainda estava muito triste não conseguia esquecê-lo, revoltada porque que seu pai tinha tirado sua própria vida, depois de algum tempo a menina ficou muito agressiva com seus colegas e professores.
AÇUCENA sonhava quase toda noite, mas não conseguia vê-lo no seu sonho, ao acordar ficava muito mal-humorada, gostaria de ver seu pai mais uma vez. Aí começou a achar que tinha um mal dentro de si que crescia a cada dia mais com a revolta pelo fim que seu pai teve. Ela não queria ser daquele jeito, então no final de semana resolveu ir à igreja e começou a orar pedindo para voltar a ser aquela garota de antes. Quando ouviu uma voz falando ao seu coração dizendo: filha EU SOU O SENHOR TEU DEUS, DEUS DE JUSTIÇA E PAZ, EU SALVO QUEM EU QUERO, NÃO FIQUE MAIS TRISTE ASSIM... AME AS PESSOAS CONFORME ELAS SÃO, AME-AS COMO GOSTARIA DE SER AMADA, PERDOE E SERÁS PERDOADA, DA MESMA FORMA QUE JUGARES SERAIS TAMBÉM JUGADA. EU O SENHOR TEU DEUS, AMEI O MUNDO DE TAL MANEIRA, QUE DEI O MEU FILHO UNIGÊNITO PARA QUE TODO AQUELE QUE NELE CRER NÃO PERREÇA MAIS TENHA A VIDA ETERNA.
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LÁGRIMAS DE UM RIO
Beto Rocha

Um velho ribeirinho ia descendo nas águas do rio Acre. Finalzinho de tarde e com seus olhos fitos no alto do céu avistou uma paisagem linda, parecia um quadro pintado por alguém que queria retratar um casamento perfeito entre o sol e o rio, ou o início de uma relação, acompanhada de um crepúsculo ao entardecer além do horizonte, que fascinava qualquer um que passasse naquele momento e contemplasse esse espetáculo da natureza, típico de um verão amazônico. As poucas águas do rio espelhavam com o contraste do sol. Ele carregava na proa da canoa o rancho que levava para passar a semana com sua família, depois de um dia cansativo de trabalho, vinha à cidade todos os dias, vender suas frutas e verduras na feira do mercado, voltava pra sua casa, sempre no final do dia.
Numa altura do rio, já distante da cidade, algo estranho aconteceu, as águas começaram a borbulhar, seguido de um barulho ensurdecedor, como se fosse um gemido de alguém com dor ou um pedido de socorro. As águas, de repente começaram a subir em forma de redemoinhos, cerca de 10 metros de altura e descia semelhante a queda de águas de uma cachoeira, respingando como lágrimas dentro da canoa do velho ribeirinho, molhando assim todo seu rancho. O movimento das águas o impedia de continuar seu caminho, então resolveu atracar a canoa na beira do rio. Cansado e atordoado, por nunca ter visto esse fenômeno acontecer, achava que estava delirando e disse:
- O rio está chorando!
Encostou a canoa na beira da praia, num pau enfiado na areia e ficou sentado, atônito, olhando para o rio. As águas continuavam a subir, se contorcendo pra lá e pra cá com gemidos inexprimíveis. Parecia ser uma forma de protesto pelo que estavam fazendo com ele.
O velho ribeirinho começou a se lamentar, porque sua consciência o acusava:
- Ele está morrendo! O rio está morrendo! Falou consigo mesmo. Nós plantamos tantas frutas e verduras, o que seria da nossa vida, de nossos filhos sem o alimento extraído da margem do rio? Cadê a melancia, o maxixe, o quiabo, o milho, o peixe? O homem do campo e as pessoas da cidade, o que será delas? Será o fim da nossa cidade ou será também o fim da humanidade?
A consciência do velho ribeirinho doía, pois sabia que também tinha contribuído para o coma do rio.
Passou algum tempo e o ribeirinho deitou na praia, esperando as águas se acalmarem, já que não dava para a canoa passar, pois poderia ser virada pelos banzeiros das águas.
Um forte grito:
- Estou morrendo, me ajude! O rio começa a pedir socorro para o velho ribeirinho. Tais gritos ninguém ouvia, a não ser o seu amigo maior, o velho ribeirinho. Parecia que ele, por ser o parente mais próximo do rio, tinha sido escolhido pela própria natureza, para levar o seguinte recado aos quatro cantos da cidade:
- Porque vocês estão me matando? Dizia o rio ao velho ribeirinho, tudo que eu tinha dentro e fora de mim dei a vocês. Ainda cansado e arrependido, o velho continua pensando na fartura, que o rio oferecia aos ribeirinhos há alguns anos! Enquanto o rio fala, o ribeirinho ouve e começa a passar um filme em sua mente, continua refletindo na beira da praia. Seu Manoel falava assim para os seus filhos: “Tião vai pegar água no rio pra fazer o almoço, menino, aproveita e vê se tem melancia madura!” “José, vai colher feijão e arroz!” “Raimundinho, traz o milho para fazer canjica e pamonha!” “Chiquinho, vai pescar, vamos ter visita nesse final de semana aqui em casa!”. Era sexta feira, muita fartura na casa de seu Manoel. Tudo isso tirado dos barrancos do rio Acre.
- Estou desidratado! Continua falando o rio. Tenho pouca água dentro de mim, estou morrendo de sede! Minhas veias estão precisando de água! Os igarapés que se formaram de mim estão poluídos com litros vazios de bebidas, garrafas de refrigerantes e sacolas cheias de lixo, inclusive coisas absurdas como fogões, geladeiras e até carros velhos. Os jovens amantes do rio não estão mais nem aí para mim. As dragas são verdadeiras drogas, estão tirando a areia dos meus pés, me encham logo de água limpa! Estou cansado, cheio de coisas velhas, não tenho mais força para lutar sozinho. Cadê meus peixes, meus jacarés, meus mandis, meus piaus, minhas piracemas, Cadê também meus botos, que até os garotos jogavam pedras neles! Não tenho mais vigor, sinto dor nas minhas entranhas, sei que estou morrendo! As árvores que firmam meu leito através de suas raízes, não existem mais. Nas minhas veias não correm mais nenhum sonho, desceram junto com os balseiros jogados por homens grosseiros. Eu preciso me encher de coisas boas de novo para alimentar meu povo.
O velho ribeirinho recupera-se e levanta, desperta aos poucos e faz a seguinte pergunta ao rio:
- Mas você não é um rio?
- Sim! Responde.
- Mas rio não fala, diz o velho.
O rio responde:
- Só você está me ouvindo, pois estamos distantes do barulho da cidade. Quero que você leve a seguinte notícia: “O rio Acre pede socorro!”
O anúncio circulou por todo o estado através de jornais, rádios e televisão. O Governo se sensibiliza e convoca toda população a comparecer às margens do rio e lá traçarem metas de ação para salvar o rio, pois juntos encontrariam uma solução. A comunidade inteira comparece, o Governador chega e começa o pronunciamento:
- Meus amigos, povo querido do Acre, estamos aqui para dizer que se existe alguém culpado pelo coma do rio, somos todos nós. Portanto, convoco todos a sair de suas casas e andar por toda extensão do rio limpando sua margem e o seu leito. Vamos, também, plantar árvores de ponta a ponta para conter o desbarrancamento. Peço também aos ribeirinhos que não joguem mais dejetos nas suas margens. Iremos proibir através de leis mais severas, que ninguém, em toda sua extensão derrame qualquer tipo de sujeira, sob pena de ser processado e preso imediatamente, sendo crime inafiançável.
Todos cumpriram com suas metas, fazendo exatamente como planejado. O Governador agradeceu a população por todo o empenho.
Passaram-se então dez anos e as pessoas se educaram e se sensibilizaram e não jogaram mais nada nas margens, nem dentro do rio porque agora havia um projeto dos mais audaciosos e sérios que já se ouviu falar. Foram criados sobre toda a extensão postos fiscais permanentes com câmeras de filmar de quilômetro em quilômetro do rio, monitorando todas as pessoas que se aproximavam dele. Havia, também, parques ecológicos, trilhas de passeios, eventos culturais de orientação sobre educação ambiental. Passeios de barcos cadastrados pela Marinha do Brasil, fiscalizados diariamente pelo Corpo de Bombeiros. Havia uma sintonia entre todos, em busca dos mesmos objetivos e propósitos. Agiam como se fossem uma música, sendo composta por uma verdadeira orquestra, as pessoas trabalhavam no mesmo ritmo, como melodia e letra rimavam perfeitamente, pareciam que já se conheciam há muito tempo. Mas tinham se visto pela primeira vez e já estavam apaixonadas, de tanta afinidade que tinham um com o outro, formando assim, um casamento perfeito, entre rio e homens.
Enfim, o resultado em poucos anos apareceu.
O rio agradece dando água de boa qualidade e todos foram felizes por longos anos.
DESABAFO: Esse é o meu rio, não somente meu, mas de todos aqueles que têm uma consciência ambiental com qualidade de vida, voltada para o bem comum de um povo. Esse é o rio dos meus sonhos. É o rio que eu quero para meus filhos e netos!
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LÁ DE XAPURI...
Beto Rocha

No ano de 1935 nasce minha mãe, dona Neves, como era mais conhecida pelos vizinhos mais próximos numa “colocação” por nome de Santo Antonio, em Xapurí-Acre. Mas o seu nome mesmo era Maria Neves Chaves de Andrade, filha de um nordestino cabra da peste, como se dizia antigamente por aquelas bandas. Dependendo da situação era brabo. Contarei aqui a verdadeira saga da nossa família.
Quando nós ainda éramos adolescentes, minha mãe dizia:
- Vão já dormir meninos, é tarde.
Falávamos a ela:
- Mãe conte uma historinha pra gente, depois vamos dormir, Prometemos a senhora.
A minha mãe concordava e começava a contar para nós, que, quando ela tinha seus quatorze anos, trabalhava muito fazendo os deveres de casa, ou seja, fazendo comidas, lavando louças e roupas no rio Xapurí e nas horas vagas era professora. Seu pai era muito severo e não permitia nenhuma afronta a ele, como também não admitia a desobediência de nenhum filho. Não aceitava que eles tivessem nenhum vício, que por ventura pudessem adquirir com os colegas de infância. Ele não fumava e dizia sempre, que se pegasse algum filho fumando o faria engolir o cigarro aceso. Só que ela de vez em quando fumava escondido dele. Mas ao mesmo tempo era carinhoso com os filhos, prestativo para os vizinhos, fazia todos os seus gostos, só não aceitava erros ou falhas de ninguém, conta minha mãe. Pois a criação do mesmo, também foi severa, por partir de seu pai e sua mãe. O mesmo era de Barro Vermelho no Ceará.
Conta minha mãe que antes dele (meu avô) vir para o Acre uma tragédia tinha acontecido. Meu avô quando ainda jovem, trabalhava na Marinha e estava com uma namorada em uma confraternização entre os marinheiros de um navio da Marinha do Brasil que estava ancorado do litoral cearense. Num certo momento veio o filho do comandante do barco, que era muito galanteador, gostava de conquistar a namorada dos outros e por ser filho de uma autoridade usava isso em benefício próprio para obter vantagens. Meu avô pegou-o insinuando-se a ela. Então, de repente, o jovem saiu ao encontro dele, acabaram por discutir e o mesmo veio com um sabre e tentou lhe ferir. Meu avô por ser muito ágil segurou na mão do jovem inclinando o punhal para sua barriga e o atingiu primeiro. Em seguida pulou na água, nadou um pouco até chegar num navio que estava perto dali que partiria em direção à Amazônia com viagem se estendendo até o Acre, só o meu avô não sabia disso. E até hoje não se sabe se o jovem conquistador morreu ou não. E coincidentemente, nesse mesmo navio, dizia a minha mãe, vinha Mestre Irineu Serra, o homem que anos depois implantaria em Rio Branco-Ac o chá da ayahuasca, o conhecido como Santo Daime do Acre.
Por ser meu avô um “cabra da peste” como é chamado no Ceará, ninguém ousava enfrentá-lo sozinho, era respeitado por todos. Só pra se ter uma idéia certo dia nossa mãe estava lavando roupas no rio Xapurí quando o meu avô chegou ao alto do barranco teve a impressão que ela estava fumando. E estava mesmo. Mas percebendo sua aproximação, enterrou o cigarro na areia. Sorte dela!
Minha avó, Maria Gomes de Andrade (vulgo Doninha) era calma, vivia cuidando da casa e dos filhos.
Numa das vindas, atravessando o rio Xapuri para ir à cidade, está na canoa quando alguns homens chegam já na beira do rio. Um deles arrasta uma faca e sai riscando meu avô na barriga, os outros se aproximam também, começam uma briga. Quando termina, todos ficam furados, na barriga, nas costas, nos braços, inclusive, meu avô. Ainda novo e forte, tinha fama de brabo na cidade, mas não era tanto assim. Conta minha mãe que quando chegaram todos feridos no hospital, ficaram no mesmo quarto, pois o espaço era pequeno. Foram atendidos, fizeram os curativos, a coisa já estava calma.
A polícia foi avisada depois de alguns dias. Chegaram à casa de meu avô dois policiais armados e bem de longe perguntaram:
- O seu Antonio Matheus se encontra?
- Sim! Respondeu minha avó.
Meu avô sai de dentro de casa, também armado:
- O que é que vocês querem aqui?
- Viemos em paz! Responderam os policiais. O comandante quer falar com o senhor!
Meu avô falou pra eles:
- Vão em frente que logo em seguida eu irei, olhou para eles com a cara feia.
- Sim senhor! Sim, senhor nós diremos ao comandante!
Chegando ao quartel de Xapurí:
- Bom dia comandante!
- Bom dia senhor! O que aconteceu?
Meu avô começou a contar: “eu vinha na catraia, atravessando o rio, próximo à beira, quando os também jovens, que estavam no barco começaram a me atacar, eu só me defendi, comandante.”.
- Mas o senhor feriu todos...
- Sim, mas eu só me defendi!
- De quem era a faca?
- A faca era deles!
- Tem certeza disso?
- Sim, senhor!
O comandante ficou espantado com tanto agilidade do meu avô:
- Vá para casa seu Antonio, eu volto a lhe procurar, se for preciso.
Meu avô, com todo aquele vigor e orgulho, sai e vai embora do quartel. E sua fama se espalha por toda a pequena Xapurí.
Passaram-se alguns anos...
Meu pai se chamava Raimundo Estanislau da Rocha, conheceu minha mãe e logo se casaram. Ele era tocador muito famoso no Clube Municipal, mais conhecido por “Beijuba”. Antes de se casar com minha mãe meu pai era muito mulherengo. Casou com minha mãe levando dois filhos na bagagem, pois sua primeira esposa era professora, mas tinha falecido há algum tempo. Logo em seguida ela engravidou. Então vieram os filhos. O primeiro chegou, dois anos depois chegou o segundo e de dois em dois anos vieram os outros inclusive eu que era o quinto mais os dois que o meu pai trouxe com ele, fazendo um total de sete, já tinha outro na barriga, que viria nascer aqui em Rio Branco. Os meninos se “danaram” a crescer, era assim que se falava antigamente.
Era tanto menino que minha mãe teve uma excelente idéia: tinha um casarão ao lado de casa, ela começou a usá-lo como escola. Ali começou a nos alfabetizar, sem ter nem o primário, só tinha 17 anos, mas tinha um sonho de vencer na vida. De repente, não tinha mais estudos para eles naquele lugar. Enfim, os meus três irmãos mais velhos, foram bem alfabetizados por ela, só o Português que dava um pouco de trabalho para eles, aprenderam muitas outras coisas, que tivemos que deixar nossa pequena Xapurí e conquistar novos horizontes, que é o sonho de toda família que sai do interior.
Meu pai concordou, mas não gostou muito da idéia. Então, paramos na cidade e compramos cobertores para nos agasalhar para que o frio da noite não nos pegasse desprevenidos. Minha mãe não deixava faltar nada para a viagem, me lembro ainda, quando tinha três anos de idade, uma coberta que ela comprou, que insiste em continuar exalando seu cheiro em meu nariz, como se fosse uma espécie de perfume do tempo, para que nós nunca esquecêssemos lá de Xapurí. Em seguida partimos rumo ao centro, para comprar alguma coisa para a viagem. Meu pai dizia: “nós não temo dinheiro, minha véia”. Depois de muitos anos que ele tinha morrido, minha mãe falava que ele, não queria vir para Rio Branco, sempre botava dificuldade. Minha mãe disse: tenho uma idéia e chegou a uma conclusão:
- Vamos de canoa?
- Canoa? Você tá doida é?
Aí arrumaram as coisas, venderam o que puderam. Lá foram remando, remando rumo a Rio Branco. A cada remada dada, cada vez mais a princesinha do Acre ficava para trás, mas os nossos sonhos estão lá na frente! Não estão mais ali na nossa pequena Xapuri!
Quando passavam pelos ribeirinhos, eles perguntavam lá do alto do barranco:
- De onde vocês vêm?
Meu pai respondia:
- Lá de Xapuri!
Muitos perigos enfrentaram. Em um determinado ponto da viagem, enquanto remavam, entrou uma cobra na beira do barco. Meu pai gritava:
- Olha cobra aí menino! Um deles batia com o remo na cobra, aí ela afundava e sumia nas águas do rio.
Enfim, depois de muita aventuras e sofrimentos e longos sete dias com sete noites nós chegamos em Rio Branco, eu era ainda muito pequeno com apenas três anos de idade, vim com a minha mãe numa “chata chamada de Valéria”, era uma espécie de embarcação maior que existia por aqui.
Quando chegamos, subimos o barranco do rio e andamos um pouco até chegar à fonte luminosa. Meu irmão depois de mim viu aquele bicho grande andando na rua, saiu correndo para os braços da minha mãe com medo, minha mãe disse: é apenas um carro meu filho, pois não era mesmo uma rural que vinha na Rua Getúlio Vargas, próximo ao palácio, considerado um carro de luxo na época. Também tem razão, nunca tínhamos visto um carro na vida.
Alguns anos se passaram...
Eu e meu irmão vendíamos quibes, ele na Escola Normal eu no Grupo Escolar Presidente Dutra. Todo dia tirávamos algum dinheiro, para no final de semana assistir ao matinê, escondido dela é claro, mas se ela descobrisse era peia na certa,. Nossa primeira vez foi no cine Rio Branco. Estava passando um filme de bang bang. Estávamos sentados nas cadeiras já há algum tempo comendo pipocas quando começa o tiroteio, o bandido atira mirando para nós, meu irmão se levanta e se esconde por trás das cadeiras. Eu sem entender nada me escondi também. Talvez estivéssemos pensando que o tiro poderia nos acertar, sei lá... Éramos só crianças do interior, tudo era novidade para nós, nunca tínhamos ido a um cinema, nem visto tal feito. Enfim, crescemos e com isso os anos se passaram, hoje somos nove irmãos vivos, graças a Deus, oito em Rio Branco e uma em Manaus, o mais velho, por parte de pai morreu por lá em dois e mil e dois. Todos nós somos empregados, seis são funcionários públicos, os três alfabetizados pela minha mãe, que foram citados no início dessa história, são professores, na rede estadual e municipal, um deles, o mais velho por parte da minha mãe e do meu pai é doutor em história, tem uma outra que mora em Macapá-AP, é empresária na rede de livrarias e outro é escritor de livros infantis e trabalho com arte gráfica, sendo bem sucedido na área. Na minha família, “de médico e de louco todo mundo tem um pouco”.
Antes que me esqueça, minha mãe a matriarca da família, hoje é conhecida por todos como Maria das Neves, tem setenta e quatro anos. Se vocês querem saber, ela continua fumando até hoje. Mas a nossa história ainda não termina aqui...
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